São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009 |
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CONEXÃO POP Barulho, mas com melodia
THIAGO NEY DA REPORTAGEM LOCAL VOCÊ SABE aonde a internet levará os negócios da música? Quando as relações entre músicos, gravadoras e portais vão estabilizar? Eu não tenho respostas, mas a cada dia aparecem pistas para ilustrar o que está acontecendo. Uma das principais empresas de pesquisas relacionadas ao entretenimento, a norte-americana NPD (www.npd.com) divulgou ontem um estudo que esquadrinha recentes hábitos de consumo envolvendo a música e a internet. Segundo a pesquisa (com mais de 4.000 pessoas nos EUA), o número de usuários de internet que comprou música digital em 2008 naquele país chegou a 36 milhões -contra 28 milhões em 2007. Os downloads agora representam 33% de todas as faixas vendidas nos EUA. Além disso, em 2008 17 milhões de pessoas deixaram de comprar CDs, em comparação com o ano anterior -essa queda foi mais sentida entre adolescentes e gente com mais de 50 anos. Isso não quer dizer que nos Estados Unidos ouviu-se menos música em 2008 -pelo contrário. Houve um aumento do número de pessoas à procura de canções em serviços como Pandora e em redes sociais na internet -um dado maiúsculo: quase metade dos teens norte-americanos vão atrás de música em redes sociais on-line. O termo noise rock é normalmente usado para descrever artistas que usam barulho como força criativa. Recentemente, surgiram algumas bandas, como Wavves e Vivian Girls, que aproximam o noise rock dos padrões pop. "Metal Machine Music", lançado por Lou Reed em 1975, é uma das referências em distorções. A Nova York de Reed é um dos berços do noise rock. Na época da chamada "no wave" (final dos 1970), a cidade abrigava bandas como Teenage Jesus & the Jerks, Mars e Theoretical Girls, que usavam as guitarras para dilatar os limites do pop-rock. Wavves (principalmente) e Vivian Girls seguem nessa tradição. Trio de garotas do Brooklyn, o VG (www.myspace.com/vivian girlsnyc) lançou o primeiro disco no final do ano passado. Em pouco mais de 20 minutos, o álbum traz uma série de canções de textura suja, mas com refrães que lembram as Ronettes ("Where Do You Run to"; "Tell the World"). Nathan Williams é o Wavves, e com apenas 22 anos ele lança o segundo disco, "Wavvves". Multi-instrumentista, ele brilhantemente nos confunde ao construir belas melodias com ruídos ásperos. Algumas de suas canções já funcionam como hinos niilistas e desesperados, como "No Hope Kids" e "So Bored" -esta última parece uma composição do Kurt Cobain feita em cima de uma melodia dos Beach Boys para ser tocada pelo Jesus & Mary Chain. A rispidez da música de Williams não desce fácil. Mas, atrás dos barulhos, há uma delicadeza ímpar. thiago.ney@grupofolha.com.br Texto Anterior: CDs/DVD Próximo Texto: Televisão/Série: Delon volta como policial em "Frank Riva" Índice |
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