da Redação

Além de meia dúzia de técnicos perambulando, havia apenas sete pessoas sentadas na platéia do Palace quando Chico Buarque subiu ao palco, por volta das 20h30 de anteontem, para fazer o primeiro ensaio geral do show que estréia hoje em São Paulo.
Entre os privilegiados, uma presença especial, a atriz Marieta Severo, ex-mulher e eterna companheira do compositor. Sentada, como todos, numa cadeira lateral para não desviar a concentração do cantor, ela gesticulava e fazia comentários ao pé do ouvido de amigos. Viu praticamente o mesmo espetáculo que Chico fará logo mais, com casa lotada.
Durante o ensaio, Chico fumou alguns cigarros, reclamou três ou quatro vezes da altura de seu violão, deu uma escapadela aos camarins uma única vez e bebeu uma xícara de café, servida no palco. Concentrado e circunspecto, não dispensou a apresentação dos músicos nem deixou de se curvar, diante da platéia imaginária, em agradecimento solene ao final do ensaio.
Foram 90 minutos e 26 canções do que há de melhor na MPB. O show deve demorar um pouco mais e ter alguns bis. Quantos, não se sabe ao certo. Durante a temporada carioca, foram oito numa noite feliz.
Convencional no formato, o espetáculo tem o intermezzo com banquinho e violão e termina em ritmo de samba, o que, no entanto, não chega a contaminar o clima geral, que é o do mesmo lirismo que domina o CD "as cidades". São dez músicas do novo disco, intercaladas com composições que contemplam toda a carreira do compositor.
O Chico intérprete nunca esteve tão afinado, e "Construção", em novo arranjo, é de arrepiar e tirar o fôlego. Está longe de ser um show divertido, mas quem aprendeu a admirar o velho Francisco sairá do Palace pisando em chão de esmeraldas.
(FERNANDO DE BARROS E SILVA)


Texto Anterior: Show: Chico
Índice