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ARTES PLÁSTICAS
Reitor escolhe Elza Ajzenberg, contrariando tendência do conselho do museu pelo atual vice-diretor
Nova diretora assume hoje MAC-USP
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos museus mais importantes do país ganha hoje, às 17h,
nova direção. Elza Ajzenberg,
professora titular da Escola de
Comunicações e Artes (ECA),
passa a responder pelo Museu de
Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Ajzenberg foi escolhida pelo reitor da USP, Adolpho Melfi, a partir de uma lista tríplice indicada
pelo conselho do museu, na qual
seu nome recebeu só um voto.
A decisão causou polêmica, já
que o conselho pendia pelo atual
vice-diretor, Martin Grossmann:
dos nove votos que definiam a lista tríplice, ele tinha cinco.
A nova diretora não quis se pronunciar quanto aos rumos que o
museu deve tomar na sua gestão.
Por meio da assessoria de imprensa da universidade, disse preferir guardar silêncio até estar empossada, em respeito ao diretor
em exercício, Grossmann, cuja
permanência no cargo de vice-diretor está prevista até agosto.
Apesar de nenhum plano ter sido exposto, pode-se dizer que o
fato de o nome de Elza Ajzenberg
ter batido a preponderante indicação de Martin Grossmann expressa um desejo de ruptura por
meio da reitoria.
Em comunicado, também divulgado pela assessoria de imprensa da USP, a reitoria afirmou
ser a escolha uma "prerrogativa
do reitor", orientada por três critérios: análise do plano de trabalho de cada candidato, currículo
de cada um e uma entrevista.
Extroversão
A opção por Grossmann representaria a continuidade do movimento de extroversão do museu
universitário empreendido por
Teixeira Coelho.
Ilustrando essa direção, estão as
mostras que passaram a ocupar o
espaço cultural da Fiesp (na avenida Paulista) e o concurso, vencido pelo arquiteto suíço Bernard
Tschumi, para uma nova sede do
museu, na Água Branca (região
oeste de São Paulo).
Grossmann, 40, defende a posição de "abrir o MAC para a cidade
e para o mundo". "A situação do
museu caminharia para o MAC
ser o museu mais representativo
de arte contemporânea e moderna do Brasil", diz Grossmann,
lembrando a reforma que modernizou as instalações, realizada por
Teixeira Coelho.
O acervo do MAC, que o vice-diretor qualifica como "único",
permite que, sem pedir empréstimos a instituições internacionais,
o museu monte exposições que
cubram praticamente qualquer
período da arte moderna e contemporânea.
Destacam-se obras tão variadas
como os quadros "O Enigma de
um Dia" (1914), de Giorgio de
Chirico, e "A Negra" (1923), de
Tarsila do Amaral, ou esculturas
de Boccioni, Max Bill, Victor Brecheret e Franz Weissman.
Grossmann ressalta ainda que o
MAC é público e, assim, tem responsabilidade de "prestar contas"
à sociedade que o mantém.
Para ele, "é um crime um museu
público se fechar a uma visitação
maior", possibilitada por sua expansão, tanto em mostras em outros lugares como em futura sede.
Um novo edifício para o MAC
não eliminaria, mas complementaria o do campus, podendo expor uma fatia maior do acervo do
museu. Abrir filiais, assinala, é
tendência em museus como o nova-iorquino Guggenheim ou a
londrina Tate Gallery.
O vice-diretor acha que "o projeto do novo MAC está em momento crítico", podendo passar a
ocupar uma espécie de praça de
museus que a USP planeja criar
no campus.
Grossmann teme ainda que a
nova direção não continue a
aproximação que o museu vinha
fazendo com a comunidade artística. Comunidade, aliás, que saiu
em apoio à indicação de seu nome, em abaixo-assinado que circulou na internet na semana anterior à divulgação da lista tríplice.
Entre os que assinaram o apoio,
estavam artistas como Nelson
Leirner e Leda Catunda, além dos
ex-diretores do museu Walter Zanini (primeira gestão, entre 63 e
78) e Aracy Amaral (de 82 a 86).
(CASSIANO ELEK MACHADO E FRANCESCA ANGIOLILLO)
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