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SKOL BEATS
Após dois anos de falhas estruturais, evento amplia espaço, minimiza problemas e reúne mais de 57 mil clubbers no Anhembi
Festival ganha público e perde ousadia
Flávio Florido/Folha Imagem
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Vista aérea do Skol Beats, evento ocorrido no Anhembi, em SP |
DIEGO ASSIS
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Filas quilométricas, banheiros
entupidos, problemas com o som,
gente saindo pelo ladrão. Essa vinha sendo a história do festival
Skol Beats nos últimos dois anos.
Em sua sexta edição, realizada anteontem no Anhembi, em São
Paulo, muita coisa mudou.
O espaço para as tendas e palcos, que antes eram confinadas ao
longo do Sambódromo, cresceu
53%, dos antigos 95 mil m2 para
167 mil m2. O público deste ano
também foi maior: 57,5 mil pessoas passaram pelo evento entre
as 16h de anteontem e as 9h30 de
domingo, segundo os organizadores (em 2004 foram 50 mil).
Além da ampliação física, conseguida após permissão da prefeitura para interditar a avenida Olavo Fontoura e transferir três tendas para um terreno em frente ao
Anhembi, houve também melhorias significativas na infra-estrutura do festival: os 950 banheiros
impediram grandes congestionamentos, comidas e bebidas estiveram disponíveis do começo ao
fim da maratona eletrônica.
Todas as melhorias, no entanto,
pareceram ter seu motivo claro.
Antes freqüentado por DJs e
amantes da eletrônica menos comercial, este Skol Beats foi mais
conservador musicalmente. Apesar de algumas novidades, como o
trio liderado pelo escocês Mylo e o
produtor alemão Anthony Rother, a escalação privilegiou artistas que já haviam se apresentado
no país ou ainda que freqüentam
as programações das rádios de
dance music comercial.
Duas das atrações mais concorridas da noite, por exemplo, eram
os sets de progressive -gênero
mais digerível da house- dos ingleses Sasha e John Digweed, na
tenda Club, e o pop eletrônico do
grupo Faithless, que lotou pela
primeira vez a área em frente ao
palco principal, por volta da
meia-noite.
Entre as apresentações do holandês Michel de Hey, este uma
das decepções do evento, que apelou até a um Blur para dar cara
mais pop ao seu set, e do escocês
Mylo, que só conseguiu realmente tirar a platéia do chão na última
música, o hit absoluto "Drop the
Pressure", a trilha que emanava
dos alto-falantes era digna de um
clube da Vila Olímpia.
Dizer que a house do americano
Erick Morillo, com direito ao batido remix de "Seven Nation
Army", dos White Stripes, conquistou mais simpatia do público
do que o tecno barulhento e bem
construído do alemão Chris Liebing -sem dúvida um dos melhores da noite- ajuda a entender a mudança de perfil dos freqüentadores desta edição.
Já na manhã de domingo, utilizando laptops, pedais de efeitos e
toca-discos, Chris Liebing mostrou que o tecno alemão não se resume a batidas pesadas e retas,
sem muitas variações. O DJ tocou
desde clássicos do tecno até novas
produções, como "Alloy Mental",
de Phil Kieran -esta "a" música
da hora, tendo sido tocada também por Renato Cohen.
O primeiro grande momento
do festival aconteceu cedo, às
19h30 de sábado. Produtor dos
mais respeitáveis do planeta
quando o assunto é electro, o alemão Anthony Rother apresentou-se como live PA -mostrou
suas músicas ao vivo. No meio do
palco principal, Rother estava cercado por 146 quilos de equipamentos, entre eles sintetizadores e
microfones, e utilizou até um megafone para mostrar que o electro
vai muito além de Fischerspooner
e Benny Benassi -dois que se
apresentaram no Skol Beats do
ano passado. O set foi curto
-cerca de 50 minutos. "Até subir
ao palco, não tinha a menor idéia
do que iria tocar", disse o produtor após sua apresentação.
Entre os DJs brasileiros, foi o
drum'n'bass de Marky e Patife
que mais gente levou à tenda Movement, historicamente a mais
concorrida do festival. Os britânicos Zinc e Friction também deixaram boas lembranças.
As apresentações de tecno de
Mau Mau e Cohen, escolhido para
encerrar a festa já à luz do dia, foram não menos do que memoráveis. Cohen conseguiu levantar o
cansado público com um set vibrante, em que entrou até o seu
hit "Pontapé", música que, com
três anos de vida, já pode ser considerada "clássica".
Em resposta aos rumores de
que esta seria a última edição do
Skol Beats, a organização do festival afirmou à Folha que, sim, em
2006 tem mais.
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