São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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Trio mostra de funk a axé music

ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como um apêndice de um festival sem personalidade, o palco alternativo em forma de trio elétrico foi como o Skol Beats conseguiu fingir que, fora os mesmos DJs de sempre, o país estava sendo contemplado no elenco. Não por acaso, algumas das melhores apresentações aconteceram ali.
Começou com o DJ Dolores, que enfileirou, em sua procura pela batida perfeita do terceiro mundo, afro beat, bhangra, zouk, forró e funk carioca. O auge de sua apresentação aconteceu com o carismático Mr. Catra, o Tim Maia do pancadão, que puxava o coro de hits do underground, como "Rap do Simpático" e "Cadê o Isqueiro?", como se essas músicas tocassem no rádio.
Outro grande feito foi a apresentação do brasiliense Nego Moçambique. Se fundir funk setentão, electro, tecno e groove brasileiro parece indigesto em teoria, o DJ tira onda como se fosse a coisa mais natural do mundo. Chamou Gerson King Combo, carbono de James Brown, para seu lado, mas nem precisava -um sample funcionaria tão bem. O produtor candango está entre os melhores do Brasil, sem dificuldade.
Neste quesito ("melhores do Brasil"), o mineiro Robinho segurou bem as pontas para o elemento inusitado da noite. Visivelmente nervoso, o vocalista do Jota Quest, Rogério Flausino, entrou com vocal distorcido balbuciando frases em inglês em referência a hits anônimos do passado, como "People Are Still Having Sex" e "Suite Number 5". Mas não fez feio, como certa curiosidade mórbida fazia supor.
Carlinhos Brown fez o que sabe fazer melhor: axé music -o DJ Dero era um detalhe. E quem passasse pelo festival sem saber poderia imaginar que uma micareta havia errado o caminho para casa.

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