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SKOL BEATS
Segundo a PM, apenas cinco pessoas foram pegas com drogas e 300 precisaram de atendimento médico
57.500 "se jogam" no Sambódromo
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REDAÇÃO
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A sexta edição do Skol Beats foi
um festival de números impressionantes. Com seu tamanho aumentado -a capacidade total de
público foi acrescida de 10 mil
pessoas em relação às 50 mil que
lotaram o Sambódromo de São
Paulo em 2004-, o evento viu
passar por suas catracas 57.500
pessoas que se divertiram em um
palco, três tendas e um trio elétrico, em um evento descrito, pela
maioria dos entrevistados pela
Folha, como "da paz".
Mais impressionante do que o
público total só mesmo o número
de ocorrências. Segundo a organização, foram atendidas somente
300 pessoas -a maioria por torções, dores de cabeça e excesso de
álcool- nos nove postos médicos do evento, durante as 17 horas
e meia de duração do festival. Casos mais sérios, que exigiram remoções para o posto de saúde de
Santana, foram oito.
Segundo a Polícia Militar, responsável pela revista nas roletas
de entrada, apenas cinco pessoas
foram pegas com drogas -maconha, LSD e ecstasy- e levadas
para a delegacia. E uma delas, que
portava uma cartela de comprimidos sem identificação, era alarme falso. Não houve apreensão de
drogas dentro do festival.
Dado esse cenário quase idílico
descrito pelos números oficiais,
não é de espantar que as pessoas
ouvidas pela reportagem manifestassem contentamento com o
evento. "É um evento legal: tem
cerveja, mulher e música", explica
Thiago Rodrigo, 25, estudante e
jogador de basquete que comparece a seu segundo Skol Beats.
Perguntado sobre as atrações a
que foi assistir, não titubeou:
"Vim ver a Michele". Uma DJ badalada? "É uma garota que eu conheci no trabalho", explica. Deficiente físico, a única ressalva de
Rodrigo foi quanto ao banheiro
do festival: "É complicado ir ao
banheiro, a gente faz em qualquer
canto mesmo".
Sua reclamação teve eco -e
amplificação- em Johnny River,
24, estudante também em cadeira
de rodas. Além de reclamar do banheiro, River disse que a locomoção no irregular terreno em que
estavam as tendas do festival
-cheio de pedras, areia e terra-
era difícil. "Vim ver o Patife e o
Marky, e foi difícil chegar até aqui.
Mas o espaço está maior neste
ano, o evento está melhor", disse.
Um festival melhor foi o que
também viu o estudante Wladimir Colombo, que, apesar de seus
18 anos, afirmou já ter ido ao Skol
Beats do ano passado. Com uma
máscara contra gases presa ao
rosto, Colombo disse que saiu da
Penha, na zona leste de São Paulo,
para acompanhar o set de seis horas de Sasha e John Digweed.
"Neste ano tem mais segurança,
está mais cheio, muito melhor."
Entre os integrantes da fatia do
público que foi ao festival pelo clima de paquera estava o grupo de
amigos formado pelos universitários Marcelo Soares, 20, Bruno
Eduardo Herrmann, 20, Solano
Azevedo, 22, e Roger Mantovani,
22. Prepararam visual com gel laranja fluorescente no cabelo e
máscaras no rosto que cobriam a
boca e o nariz. A justificativa era
que estavam ali "para pegar mulher e não para pegar vírus".
Outro contingente fortemente
representado no Skol Beats era o
formado pelos forasteiros. A pedagoga Carine Garcia, 26, que
veio a São Paulo de Curitiba especialmente para a festa, já é praticamente uma veterana do festival.
"Essa é a minha terceira vez, e todo ano espero a mesma coisa: que
seja a melhor de todas." Garcia
trouxe uma espécie de programa
do melhor da festa, segundo sua
avaliação, confeccionado em papel especial, com cores diferentes
e mapa plastificado. "Profissional", auto-avaliou-se a curitibana.
A estudante de moda de Maringá (PR) Marcela Silvestrim, 24,
disse que a "informação" é o principal atrativo do festival. "Se uma
imagem vale mais do que mil palavras, imagine 50 mil pessoas, 50
mil imagens. É muita informação", explicou, usando o número
de público da última edição como
base para a justificativa.
Neste ano, de acordo com os
números, Marcela deve ter recebido o equivalente a 57,5 milhões de
palavras.
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