São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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SKOL BEATS

Segundo a PM, apenas cinco pessoas foram pegas com drogas e 300 precisaram de atendimento médico

57.500 "se jogam" no Sambódromo

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REDAÇÃO

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

A sexta edição do Skol Beats foi um festival de números impressionantes. Com seu tamanho aumentado -a capacidade total de público foi acrescida de 10 mil pessoas em relação às 50 mil que lotaram o Sambódromo de São Paulo em 2004-, o evento viu passar por suas catracas 57.500 pessoas que se divertiram em um palco, três tendas e um trio elétrico, em um evento descrito, pela maioria dos entrevistados pela Folha, como "da paz".
Mais impressionante do que o público total só mesmo o número de ocorrências. Segundo a organização, foram atendidas somente 300 pessoas -a maioria por torções, dores de cabeça e excesso de álcool- nos nove postos médicos do evento, durante as 17 horas e meia de duração do festival. Casos mais sérios, que exigiram remoções para o posto de saúde de Santana, foram oito.
Segundo a Polícia Militar, responsável pela revista nas roletas de entrada, apenas cinco pessoas foram pegas com drogas -maconha, LSD e ecstasy- e levadas para a delegacia. E uma delas, que portava uma cartela de comprimidos sem identificação, era alarme falso. Não houve apreensão de drogas dentro do festival.
Dado esse cenário quase idílico descrito pelos números oficiais, não é de espantar que as pessoas ouvidas pela reportagem manifestassem contentamento com o evento. "É um evento legal: tem cerveja, mulher e música", explica Thiago Rodrigo, 25, estudante e jogador de basquete que comparece a seu segundo Skol Beats.
Perguntado sobre as atrações a que foi assistir, não titubeou: "Vim ver a Michele". Uma DJ badalada? "É uma garota que eu conheci no trabalho", explica. Deficiente físico, a única ressalva de Rodrigo foi quanto ao banheiro do festival: "É complicado ir ao banheiro, a gente faz em qualquer canto mesmo".
Sua reclamação teve eco -e amplificação- em Johnny River, 24, estudante também em cadeira de rodas. Além de reclamar do banheiro, River disse que a locomoção no irregular terreno em que estavam as tendas do festival -cheio de pedras, areia e terra- era difícil. "Vim ver o Patife e o Marky, e foi difícil chegar até aqui. Mas o espaço está maior neste ano, o evento está melhor", disse.
Um festival melhor foi o que também viu o estudante Wladimir Colombo, que, apesar de seus 18 anos, afirmou já ter ido ao Skol Beats do ano passado. Com uma máscara contra gases presa ao rosto, Colombo disse que saiu da Penha, na zona leste de São Paulo, para acompanhar o set de seis horas de Sasha e John Digweed. "Neste ano tem mais segurança, está mais cheio, muito melhor."
Entre os integrantes da fatia do público que foi ao festival pelo clima de paquera estava o grupo de amigos formado pelos universitários Marcelo Soares, 20, Bruno Eduardo Herrmann, 20, Solano Azevedo, 22, e Roger Mantovani, 22. Prepararam visual com gel laranja fluorescente no cabelo e máscaras no rosto que cobriam a boca e o nariz. A justificativa era que estavam ali "para pegar mulher e não para pegar vírus".
Outro contingente fortemente representado no Skol Beats era o formado pelos forasteiros. A pedagoga Carine Garcia, 26, que veio a São Paulo de Curitiba especialmente para a festa, já é praticamente uma veterana do festival. "Essa é a minha terceira vez, e todo ano espero a mesma coisa: que seja a melhor de todas." Garcia trouxe uma espécie de programa do melhor da festa, segundo sua avaliação, confeccionado em papel especial, com cores diferentes e mapa plastificado. "Profissional", auto-avaliou-se a curitibana.
A estudante de moda de Maringá (PR) Marcela Silvestrim, 24, disse que a "informação" é o principal atrativo do festival. "Se uma imagem vale mais do que mil palavras, imagine 50 mil pessoas, 50 mil imagens. É muita informação", explicou, usando o número de público da última edição como base para a justificativa.
Neste ano, de acordo com os números, Marcela deve ter recebido o equivalente a 57,5 milhões de palavras.

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