São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010

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Beleza americana

Figurinos de "Mad Men" fazem moda dos anos 60 voltar às ruas; designer premiada com o Emmy lança livro e linha de roupas

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A norte-americana Janie Bryant já tinha um Emmy no currículo quando entrou para a equipe da série independente "Mad Men". Ela havia sido premiada em 2005, pelo trabalho de reconstituição de época em "Deadwood", ambientada em 1870, na Dakota do Sul.
Apesar do bom roteiro do western, ninguém trocou nenhuma peça do armário por causa de "Deadwood".
Bem diferente do que a figurinista vê agora acontecer com "Mad Men". O sucesso do seriado, atualmente na terceira temporada, na HBO, marca a efemeridade da moda. Mas também retrata o que ela tem de cíclico, com uma volta aos modelitos dos anos 60, à la Jacqueline Kennedy Onassis.
A figurinista Janie Bryant diz à Folha que buscou até uma moda anterior a essa década. "As mudanças são bem lentas na série. Por isso não vejo apenas trajes de 1962 [ano em que é ambientada a temporada atual]. Algumas coisas são de anos anteriores, porque você não joga fora todo o seu guarda-roupa depois de um ano."
Com "Mad Men", Bryant levou o prêmio do sindicato dos figurinistas e viu a moda do programa ganhar as ruas.
Resolveu então criar a própria grife, modernizando o estilo daquela época em uma linha de roupas para a Matchbook Company. "O projeto está indo bem. Mas só vou mesmo poder falar disso em junho."
Ela também prepara um livro, com lançamento em novembro. Chamado "The Fashion Style", busca a "mulher que lidera" e visa ajudar os homens "a se vestirem para o sucesso". Vai ser escrito em parceria com Monica Corcoran, do "Los Angeles Times".
Bryant explica que primeiro lê o roteiro e decide o que cada personagem vai vestir e de onde virá essa roupa: "Posso desenhar, alugar ou misturar todas essas coisas. Mas não tem nada mais fascinante que ver um figurino surgir para a vida a partir de uma folha de papel".
Ela baseia a escolha dos figurinos em pesquisas. "O público está acostumado ao modo de os personagens se vestirem, porque esses hábitos são reais", conta ela, que examina os arquivos da Western Costume [loja que veste os astros de Hollywood há 90 anos].
"Lá eles têm catálogos antigos, fotografias de família e revistas da época, como "Harper's Bazaar", "Time", "Life". Leio qualquer coisa que mostre trajes da virada do final dos anos 50 para o começo dos 60."
Para o terceiro ano da série, sobre agência de publicidade em Nova York, as mulheres foram as que mais mudaram.
Primeiro, foi a vez de Betty (January Jones), a mulher do misterioso Donald Draper (Jon Hamm). Ela ficou grávida e ganhou figurinos desenhados especialmente para ela. "É muito difícil encontrar roupas daquela época para mães. Então criei todo o guarda-roupa dela."
"Já Peggy ficou mais moderna agora que se tornou publicitária. Gosto de ressaltar o contraste de vestimentas masculinas e femininas, já que ela está sempre entre os meninos."
Mais gritante é a evolução de Joan (Christina Hendricks), que, após um caso com um dos chefes da agência, agora está casada. "Ela tem uma paleta de cores bem especial. Eu e Matthew Weiner [criador] achamos que ela deveria se vestir de uma forma mais madura."
Essa moda, pelo jeito, vai continuar. A quarta temporada de "Mad Men", em produção, estreia em julho nos EUA.

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