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Beleza americana
Figurinos de "Mad Men" fazem moda dos anos 60 voltar às ruas; designer premiada com o Emmy lança livro e linha de roupas
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
A norte-americana Janie
Bryant já tinha um Emmy no
currículo quando entrou para a
equipe da série independente
"Mad Men". Ela havia sido premiada em 2005, pelo trabalho
de reconstituição de época em
"Deadwood", ambientada em
1870, na Dakota do Sul.
Apesar do bom roteiro do
western, ninguém trocou nenhuma peça do armário por
causa de "Deadwood".
Bem diferente do que a figurinista vê agora acontecer com
"Mad Men". O sucesso do seriado, atualmente na terceira temporada, na HBO, marca a efemeridade da moda. Mas também retrata o que ela tem de cíclico, com uma volta aos modelitos dos anos 60, à la Jacqueline Kennedy Onassis.
A figurinista Janie Bryant diz
à Folha que buscou até uma
moda anterior a essa década.
"As mudanças são bem lentas
na série. Por isso não vejo apenas trajes de 1962 [ano em que
é ambientada a temporada
atual]. Algumas coisas são de
anos anteriores, porque você
não joga fora todo o seu guarda-roupa depois de um ano."
Com "Mad Men", Bryant levou o prêmio do sindicato dos
figurinistas e viu a moda do
programa ganhar as ruas.
Resolveu então criar a própria grife, modernizando o estilo daquela época em uma linha de roupas para a Matchbook Company. "O projeto
está indo bem. Mas só
vou mesmo poder falar disso em junho."
Ela também prepara um livro, com
lançamento em novembro. Chamado
"The Fashion
Style", busca a
"mulher que lidera" e visa ajudar os
homens "a se vestirem para o sucesso". Vai ser
escrito em parceria com Monica
Corcoran, do "Los
Angeles Times".
Bryant explica que
primeiro lê o roteiro e
decide o que cada personagem vai vestir e
de onde virá essa roupa: "Posso desenhar,
alugar ou misturar todas essas coisas. Mas não
tem nada mais fascinante
que ver um figurino surgir para a vida a partir de
uma folha de papel".
Ela baseia a escolha dos
figurinos em pesquisas. "O
público está acostumado ao
modo de os personagens se
vestirem, porque esses hábitos
são reais", conta ela, que examina os arquivos da Western
Costume [loja que veste os astros de Hollywood há 90 anos].
"Lá eles têm catálogos antigos, fotografias de família e revistas da época, como "Harper's
Bazaar", "Time", "Life". Leio
qualquer coisa que mostre trajes da virada do final dos anos
50 para o começo dos 60."
Para o terceiro ano da série,
sobre agência de publicidade
em Nova York, as mulheres foram as que mais mudaram.
Primeiro, foi a vez de Betty
(January Jones), a mulher do
misterioso Donald Draper (Jon
Hamm). Ela ficou grávida e ganhou figurinos desenhados especialmente para ela. "É muito
difícil encontrar roupas daquela época para mães. Então criei
todo o guarda-roupa dela."
"Já Peggy ficou mais moderna agora que se tornou publicitária. Gosto de ressaltar o contraste de vestimentas masculinas e femininas, já que ela está
sempre entre os meninos."
Mais gritante é a evolução de
Joan (Christina Hendricks),
que, após um caso com um dos
chefes da agência, agora está
casada. "Ela tem uma paleta de
cores bem especial. Eu e Matthew Weiner [criador] achamos que ela deveria se vestir de
uma forma mais madura."
Essa moda, pelo jeito, vai
continuar. A quarta temporada
de "Mad Men", em produção,
estreia em julho nos EUA.
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