São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004 |
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Filme flagra reação inédita de Bush
DO ENVIADO A CANNES
FATOS INÉDITOS - "Mostro, por
exemplo, a ficha militar de Bush.
Havia conseguido em 2000, via a
lei que permite esse acesso. Baseado nela, eu o acusei de desertor no
ano passado, o que levou a Casa
Branca a divulgar essa mesma ficha. Só que agora com um nome
riscado, exatamente o de James
Bath (que foi companheiro de
Bush e depois viraria o representante dos negócios da família Bin
Laden nos EUA). Por que eles riscaram esse nome (mostra os dois
documentos)? Mostro também os
sete minutos em que Bush ficou
sentado, na frente de uma classe
de crianças, sem fazer absolutamente nada, depois que soube do
segundo avião no World Trade
Center -do primeiro ele já tinha
sido avisado antes de começar a
cerimônia. Como conseguimos
essa? Ligamos para a escola em
que ele esteve e perguntamos se
alguém havia gravado. Gravaram,
claro, estava lá. Eles estranharam
que nenhuma TV antes tenha pedido as imagens...". CENAS DOS PRISIONEIROS - "Isso
é uma desgraça. E esse filme teve
de depender de free-lancers para
agora chegar ao povo dos EUA.
Será um mistério revelado. O público, sim, vai ficar em "shock and
awe" ("choque e pavor", nome da
ofensiva no Iraque). O povo tem o
direito de saber o que é feito com
os dólares de seus impostos". FALHA DE CARÁTER - "Quando
Bush diz que os soldados que torturaram iraquianos têm "falha de
caráter", devia saber que o peixe
começa a apodrecer pela cabeça.
Mostro que ações imorais, como
justificar uma guerra baseado numa mentira, dão margem a ações
imorais, como torturas. Mas estou otimista. As sujeiras do Vietnã demoraram anos para vir à tona; as de agora, só alguns meses". AUSÊNCIA DE BLAIR - "Peguei leve (com o primeiro-ministro britânico) porque sou americano e
sei que o problema está na Casa
Branca. O que eu posso dizer de
Blair é que ele parece ser um sujeito que sabe o que faz, o que me espanta ainda mais o fato de ele ter
se metido com alguém como
Bush. No dia seguinte ao primeiro
encontro deles em Camp David
(uma das residências presidenciais), Bush começou a entrevista
coletiva dizendo: "Nós usamos o
mesmo tipo de pasta de dente'!
Essa deveria ter sido a primeira
dica para Blair!". INVASÃO DO IRAQUE - "Não
adianta nada ter derrubado Saddam. O povo tem de querer primeiro, o desejo pela liberdade
tem de ser orgânico, não forçado
pela ponta da baioneta". TEM MEDO - "Do quê? Esses aqui
(aponta quatro seguranças que o
esperam na porta) são meus instrutores de pilates (tipo de ginástica), meu massagista... Não tenho
medo de nada, deveria ter?". CASA BRANCA - "Adoraria que
"Fahrenheit" fosse exibido lá. Eu
iria e me comportaria, me encontraria pela primeira vez com Bush
e lembraria que um primo dele foi
meu cameraman em "Roger e Eu"
(documentário que deu fama a
Moore) e que Bush pai chegou
mesmo a exibi-lo em Camp David, quando era presidente". POR QUE O FILME - "Quando faço
um filme, penso em algo que o espectador possa assistir na sexta à
noite. O princípio é algo que entretenha, que você possa ver com
sua namorada, comendo pipoca,
e que ria e chore. Só que dessa vez
eu sou o sério, e Bush é o responsável pelas falas cômicas. Tanto
que tentei registrá-lo como co-autor do roteiro no sindicato que
cuida disso, mas tive o pedido recusado". |
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