São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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Pastor compara saga dos jedis à dos apóstolos de Cristo

SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA

"Você está insatisfeito com sua religião mas sedento por uma jornada espiritual com Deus que envolva risco, mistério e uma fé inabalável?" Quem está dizendo isto para uma igreja lotada é o pastor luterano Tim Kade, da Epic Church (Igreja Épica), no subúrbio de Detroit, no Estado norte-americano de Michigan. Tudo muito natural, não fosse o fato de ele ter angariado fiéis nos semáforos e nas ruas da cidade com auxiliares vestidos de Chewbacca, o personagem peludo da cinessérie "Guerra nas Estrelas", que estréia hoje no Brasil.
Muito já se falou sobre o fato de o universo concebido por George Lucas ter virado uma espécie de religião para muitos fãs, que seguem os roteiros dos filmes como dogmas, mas metáfora era a palavra-chave. Não mais. Desde o começo do ano, Kade e sua mulher, Kathy, que já lideraram diversas denominações em outras cidades norte-americanas e até uma missão em Gana, na África, resolveram fundar sua própria igreja, dentro dos parâmetros luteranos, mas com um "algo a mais". "Eles queriam levar a mensagem de Cristo de maneira nova e inusitada", disse à Folha uma das diretoras da Epic, Nikki Hayley.
O universo de "Guerra nas Estrelas" foi, assim, o caminho natural. Desde o começo do mês e culminando com a noite de hoje, o pastor Kade vem dando uma série de sermões que comparam a saga dos jedis à dos apóstolos de Cristo, a luta interior de Anakin Skywalker/Darth Vader com a tentação de qualquer um entre o bem e o mal e a aventura de se tornar cristão no mundo de hoje à aventura de lutar contra o lado escuro da Força numa galáxia muito, muito distante. "Luke Skywalker saiu da vida que tinha e se aventurou, se revoltou. Você sabe quem, mais fez isso na história da humanidade, não sabe?"

Palavra jedi
Se não sabe, pode se informar lendo dois livros que acabam de ser lançados na esteira da histeria coletiva provocada pelo último episódio da série, ambos fazendo a mesma conexão entre os personagens fictícios e religiões estabelecidas. O primeiro é "The Dharma of Star Wars" (O Darma de "Guerra nas Estrelas", Wisdom Publications), em que a doutrina de Buda (o darma) é comparada à doutrina de Yoda (o mestre jedi verde). Quem o assina é Matthew Bortolin, um membro ordenado do templo budista Thich Nhat Hanh que mantém enquadrados todos os ingressos dos filmes e sua própria fantasia de jedi.
Outro é o do escritor religioso Dick Staub, que colocou ponto final nas últimas semanas em seu "Chistian Wisdom of the Jedi Masters" (A Sabedoria Cristã dos Mestres Jedis, John Wiley & Sons), com título auto-explicativo. Para o autor, o conceito da Força pode ser comparado ao princípio hindu do OM, um poder divino que conecta toda a criação. A idéia comum a todos eles é simples: usar um ímã de jovens da cultura pop como é a cinessérie que já faturou mais de US$ 3 bilhões (R$ 7,43 bi) em ingressos para vender seu peixe.


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