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Pastor compara saga dos jedis à dos apóstolos de Cristo
SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA
"Você está insatisfeito com sua
religião mas sedento por uma jornada espiritual com Deus que envolva risco, mistério e uma fé inabalável?" Quem está dizendo isto
para uma igreja lotada é o pastor
luterano Tim Kade, da Epic
Church (Igreja Épica), no subúrbio de Detroit, no Estado norte-americano de Michigan. Tudo
muito natural, não fosse o fato de
ele ter angariado fiéis nos semáforos e nas ruas da cidade com auxiliares vestidos de Chewbacca, o
personagem peludo da cinessérie
"Guerra nas Estrelas", que estréia
hoje no Brasil.
Muito já se falou sobre o fato de
o universo concebido por George
Lucas ter virado uma espécie de
religião para muitos fãs, que seguem os roteiros dos filmes como
dogmas, mas metáfora era a palavra-chave. Não mais. Desde o começo do ano, Kade e sua mulher,
Kathy, que já lideraram diversas
denominações em outras cidades
norte-americanas e até uma missão em Gana, na África, resolveram fundar sua própria igreja,
dentro dos parâmetros luteranos,
mas com um "algo a mais". "Eles
queriam levar a mensagem de
Cristo de maneira nova e inusitada", disse à Folha uma das diretoras da Epic, Nikki Hayley.
O universo de "Guerra nas Estrelas" foi, assim, o caminho natural. Desde o começo do mês e culminando com a noite de hoje, o
pastor Kade vem dando uma série
de sermões que comparam a saga
dos jedis à dos apóstolos de Cristo, a luta interior de Anakin
Skywalker/Darth Vader com a
tentação de qualquer um entre o
bem e o mal e a aventura de se tornar cristão no mundo de hoje à
aventura de lutar contra o lado escuro da Força numa galáxia muito, muito distante. "Luke Skywalker saiu da vida que tinha e se
aventurou, se revoltou. Você sabe
quem, mais fez isso na história da
humanidade, não sabe?"
Palavra jedi
Se não sabe, pode se informar
lendo dois livros que acabam de
ser lançados na esteira da histeria
coletiva provocada pelo último
episódio da série, ambos fazendo
a mesma conexão entre os personagens fictícios e religiões estabelecidas. O primeiro é "The Dharma of Star Wars" (O Darma de
"Guerra nas Estrelas", Wisdom
Publications), em que a doutrina
de Buda (o darma) é comparada à
doutrina de Yoda (o mestre jedi
verde). Quem o assina é Matthew
Bortolin, um membro ordenado
do templo budista Thich Nhat
Hanh que mantém enquadrados
todos os ingressos dos filmes e sua
própria fantasia de jedi.
Outro é o do escritor religioso
Dick Staub, que colocou ponto final nas últimas semanas em seu
"Chistian Wisdom of the Jedi
Masters" (A Sabedoria Cristã dos
Mestres Jedis, John Wiley &
Sons), com título auto-explicativo. Para o autor, o conceito da
Força pode ser comparado ao
princípio hindu do OM, um poder divino que conecta toda a
criação. A idéia comum a todos
eles é simples: usar um ímã de jovens da cultura pop como é a cinessérie que já faturou mais de
US$ 3 bilhões (R$ 7,43 bi) em ingressos para vender seu peixe.
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