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COMIDA
Gardênia faz ode ao cordeiro
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
O lugar, mesmo sob os antigos proprietários (na época
chamava-se Café Gardênia), já tinha seu charme. Fica nas bordas
de Pinheiros, a dez passos da
Fnac, e dá de frente para uma pracinha, sobre a qual se debruça a
vista das mesas que ficam no terracinho. Antes era terreno da cozinha italiana, mas desde o ano
passado, quando passou a chamar-se apenas Gardênia, mudou
completamente seu foco.
A mudança foi operada por
uma jovem chef de cozinha, a
paulistana Marina Moraes, 23. Ela
desde pequena cozinhava em casa
e, ao crescer, resolveu estudar gastronomia. Depois do curso, estágios: em Nova York, em São Paulo
(em locais da qualidade do Pomodori, Di Bistrot e D.O.M.). O fato
de seu pai ter negócios na área de
restaurantes, e ainda por cima
criar carneiros, foi definindo a
aventura de abrir um restaurante
próprio, que se concretizou com a
compra do antigo café.
Uma grande reforma mudou
bem a cara do ponto e lhe deu um
ar ainda mais informal. O cardápio perdeu sotaques nacionais e
ganhou uma curiosa especialidade: os pratos de cordeiro, ingrediente com que a chef já tinha familiaridade e com o qual particularmente gosta de trabalhar.
Há uma seção do cardápio dedicada a ele, incluindo entradas como um suculento minihamburguer de cordeiro ao molho de pimenta e croquetes (meio ressecados) servidos com chutney de
manga.
É nessa seção também que fica o
prato de resistência da casa: a paleta de cordeiro assada, com a carne tenra e saborosa (temperada
com vinho branco e ervas), servida com glacê de cordeiro. Para
ela, podem-se pedir acompanhamentos como a batata crocante
com casca e alecrim ou a polenta
com espinafre. A peça dá para
umas três pessoas.
Fora dos clássicos, o cardápio
de cordeiros oferece também variações como o cordeiro indiano
(cozido com curry e legumes e
servido com cuscuz de limão e
molho de iogurte); e o lombo de
cordeiro ao Porto (com canela e
cuscuz com favas verdes).
Mas o cardápio vai além, sugerindo pratos mais ou menos familiares ao público e de diversas origens. Por exemplo, filé mignon ao
molho de pimenta ou de mostarda; salmão em papillote e um arrumadinho brasileiro, de carne-seca desfiada (e bem seca e bem
salgada) com couve, farofa de banana e quibebe de abóbora. Como sobremesa, iscas para larica
como crème brûlée de nutella e
trio de brigadeiros. Para acompanhar tudo, a caipirinha pode ser
feita com boas cachaças, os vinhos podem ser escolhidos numa
carta curta, mas variada e, no final, pode-se vislumbrar um bom
futuro para a nova fase do Gardênia e sua jovem chef.
@ - josimar@basilico.com.br
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