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"Granta" terá edição brasileira
Uma das principais revistas literárias do mundo ganhará uma versão nacional a partir de outubro
A previsão é de que até 60% dos textos inéditos de ficção e de não-ficção sejam traduzidos; restante virá de autores brasileiros
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
É uma ótima notícia para o
mundo literário. A mais prestigiosa revista literária britânica,
a badalada "Granta", vai ganhar
uma edição brasileira a partir
de outubro. Quem está trazendo a revista ao Brasil é a editora
Objetiva, que está associada
desde o ano passado ao selo espanhol Alfaguara -já responsável por uma edição espanhola
da publicação, desde 2003.
Roberto Feith, diretor da Objetiva e responsável por trazer
o título ao Brasil, diz que a proposta é utilizar até 60% de material original e produzir a diferença com contribuições originais de autores brasileiros.
"A revista será semestral pelo menos nos dois primeiros
anos", disse Feith. O primeiro
número ("Os Melhores Jovens
Escritores Norte Americanos")
será a tradução da "Granta"
mais recente, que reuniu 21 nomes (incluindo textos de Jonathan Safran Foer, Nicole
Krauss e Uzodinma Iweala), e
não terá material brasileiro.
Já o segundo número (abril
de 2008) deve se inspirar em
três edições da "Granta" original ("On the Road Again", nš
94, 2006; "Necessary Journeys", nš 73, 2001 e "Wish You
Were Here", nš 91, 2005) e uma
edição espanhola ("Sobre la
Marcha", de janeiro passado).
A "Granta" (que no Reino
Unido é trimestral) não publica
poemas e raramente inclui resenhas ou ensaios. Segundo Isa
Pessoa, editora-chefe da Objetiva, a edição brasileira vai seguir exatamente a mesma linha. A revista só trará textos de
ficção ou não-ficção inéditos,
além de reportagens fotográficas, uma fórmula que a tornou
famosa no mundo inteiro.
Para os responsáveis da edição brasileira, mais do que trazer assuntos locais específicos
a idéia é seguir temas que possam agregar vários nomes, e
permitir que os brasileiros
também possam alcançar a original britânica e as outras edições regionais (já existem edições também na Grécia e Uruguai). Os nomes, segundo Feith
e Isa Pessoa, serão escolhidos
por critério editorial e pelos temas abordados.
Como a britânica, a edição
brasileira terá sempre um mínimo de 256 páginas. Serão
5.000 exemplares (contra uma
média de 70 mil distribuídos no
Reino Unido e nos EUA), não
haverá assinaturas e a distribuição será em livrarias. A
princípio não haverá uma equipe própria da revista.
A publicação ficou famosa
desde o final dos anos 70 ao lançar regularmente listas de nomes promissores da literatura
britânica e americana. Muitas
apostas da revista viraram
grandes nomes, como Jonathan Franzen e Ian McEwan,
só para citar dois.
A revista centenária (foi fundada em 1889 por alunos da
Universidade de Cambridge)
também está associada ao
boom da nova literatura britânica desde os anos 80 e a uma
"espetacularização" dos escritores. Além disso, é conhecida
pela capacidade de criar "modas" literárias. Um bom exemplo é o termo "Dirty Realism"
(realismo sujo), cunhado no
número 8 (em 83), que publicou os americanos Raymond
Carver, Richard Ford e Michael
Herr, entre outros.
As edições, que são temáticas
("África", "vida no campo",
"música", "zonas de guerra"
etc.), muitas vezes acabaram
direcionando a crítica literária.
O número 10 ("Viagem", de
1983) é um dos mais famosos e
reuniu García Márquez, Bruce
Chatwin, Saul Bellow, James
Fenton e Paul Theroux.
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