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Crítica/música/"Nothing But the Best"
Coletânea tem boas canções de Sinatra, mas não "só o melhor"
Lançamento conta com gravações do selo Reprise, criado pelo cantor em 1960
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Lançado a propósito dos
dez anos da morte de
Frank Sinatra (completados na última quarta-feira), o
CD "Nothing But the Best"
(Warner) deveria ter recebido
um título menos pretensioso.
Qualquer um que conheça a
obra do cantor, o maior intérprete da canção norte-americana no século 20, sabe que suas
obras-primas foram gravadas
pelo selo Capitol, nos anos 50.
Portanto, uma compilação de
gravações feitas a partir de
1960 não justifica o oportunismo do "somente o melhor".
Claro que muitas das 21 faixas desse CD, gravadas originalmente pelo selo Reprise,
que o próprio Sinatra criou e
conduziu a partir de 1960, estão
longe de serem medíocres. Ao
concretizar o desejo de ser dono de sua própria gravadora, algo raro até então no mercado
fonográfico, o cantor soube se
cercar de ótimos músicos.
A seleção começa com a elegante gravação de "Come Fly
with Me", canção encomendada pelo próprio Sinatra aos
compositores Sammy Cahn e
Jimmy Van Heusen e que emprestou o título a um de seus
mais cultuados álbuns, lançado
pela Capitol, em 1958. Em "The
Best Is Yet to Come", a faixa seguinte, a voz segura do cantor
surge à frente da irresistível orquestra de Count Basie, em arranjo de Quincy Jones, que
também assina a versão da descontraída "The Good Life".
Outros arranjadores do primeiro time do jazz e da canção
americana da época se sucedem no CD, como Billy May,
Gordon Jenkins, Don Costa e,
naturalmente, Nelson Riddle,
colaborador de Sinatra em várias de suas gravações mais
apreciadas. Sem falar no tão
cultuado Claus Ogerman, representado pelo arranjo de
"The Girl from Ipanema", que
Sinatra gravou ao lado do próprio Tom Jobim, em 1967, contribuindo para que ela se tornasse uma das canções mais
populares de todos os tempos.
Amargura
Em meio a outros grandes
sucessos do cantor, como "New
York, New York" e "My Way",
típicos da última fase de sua
carreira, na qual a leveza e o romantismo de seus anos áureos
foram substituídos por uma
considerável dose de amargura,
também surgem gravações menos inspiradas, como "All My
Tomorrows" e "That's Life".
Mas medíocre mesmo é o
meloso arranjo de Torrie Zito
para a balada "Body and Soul",
que Frank Sinatra Jr., filho do
cantor e herdeiro de seu espólio, regeu e gravou em 2007 para acompanhar uma gravação
não-finalizada pelo pai, registrada em 1984. Incluída na
compilação como faixa-bônus
inédita, trata-se de truque de
estúdio (e de marketing) que
não acrescenta nada de significativo à obra do intérprete. Sinatra merecia mais respeito.
NOTHING BUT THE BEST
Artista: Frank Sinatra
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 42, em média
Avaliação: bom
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