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TELEVISÃO
Crítica
Falta a Scorsese o frescor do seu início
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Nos próximos anos faltará algo ao Oscar: Martin Scorsese
concorrendo e perdendo. A
derrota de 2002, com "Gangues de Nova York" (Universal, 21h), pareceu particularmente dolorosa: podia não ser
o máximo, mas não dava para
comparar com "Chicago".
A vitória veio na cerimônia
de 2007, para os filmes de
2006: "Os Infiltrados" (HBO,
17h35) ganhou como melhor
filme e direção o prêmio que
Scorsese merecia pelo menos
desde "Taxi Driver" (1976).
Nesse meio tempo, Scorsese
entregou prêmios especiais na
cerimônia do Oscar, o que deve
ser visto menos como uma deferência do que uma decorrência de seu conhecimento profundo da história de sua arte.
E Scorsese concorreu estoicamente durante todo esse
tempo. Salvo uma ou outra derrapada, sempre foi fiel à visão
de um país violento, a ser retratado por filmes idem. É coisa
que sempre deixa os votantes
da Academia ressabiados.
Sejamos francos, o melhor de
Scorsese já passou. Não está
em "Gangues" nem em "Os Infiltrados". Em ambos os casos,
a tremenda maestria da mise-en-scène e o sentido de grandeza se impõem, mas falta aos filmes o frescor que tinham nos
anos 70, 80 ou mesmo 90.
Não importa: o Oscar a "Os
Infiltrados" deve ter satisfeito
esse sentido de justiça que todo
cinéfilo tem. E, feitas todas as
contas, entre um Scorsese menos bom e quase toda a produção mais recente de Hollywood
existe ainda um abismo.
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