São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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TELEVISÃO

Crítica


Falta a Scorsese o frescor do seu início

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Nos próximos anos faltará algo ao Oscar: Martin Scorsese concorrendo e perdendo. A derrota de 2002, com "Gangues de Nova York" (Universal, 21h), pareceu particularmente dolorosa: podia não ser o máximo, mas não dava para comparar com "Chicago".
A vitória veio na cerimônia de 2007, para os filmes de 2006: "Os Infiltrados" (HBO, 17h35) ganhou como melhor filme e direção o prêmio que Scorsese merecia pelo menos desde "Taxi Driver" (1976).
Nesse meio tempo, Scorsese entregou prêmios especiais na cerimônia do Oscar, o que deve ser visto menos como uma deferência do que uma decorrência de seu conhecimento profundo da história de sua arte.
E Scorsese concorreu estoicamente durante todo esse tempo. Salvo uma ou outra derrapada, sempre foi fiel à visão de um país violento, a ser retratado por filmes idem. É coisa que sempre deixa os votantes da Academia ressabiados.
Sejamos francos, o melhor de Scorsese já passou. Não está em "Gangues" nem em "Os Infiltrados". Em ambos os casos, a tremenda maestria da mise-en-scène e o sentido de grandeza se impõem, mas falta aos filmes o frescor que tinham nos anos 70, 80 ou mesmo 90.
Não importa: o Oscar a "Os Infiltrados" deve ter satisfeito esse sentido de justiça que todo cinéfilo tem. E, feitas todas as contas, entre um Scorsese menos bom e quase toda a produção mais recente de Hollywood existe ainda um abismo.


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