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Zélia Gattai morre em Salvador aos 91
Mulher de Jorge Amado sofreu parada cardiorrespiratória em hospital onde estava internada desde 17 de abril
Corpo será cremado no bairro de Brotas, onde vivia; cinzas serão jogadas ao lado das do marido; governo da Bahia decreta luto de 3 dias
MANUELA MARTINEZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM SALVADOR
A escritora Zélia Gattai, 91,
morreu ontem, às 16h30, no
Hospital da Bahia, em Salvador,
em razão de uma parada cardiorrespiratória. No final da
noite de anteontem, seu estado
de saúde se agravou, apresentando um quadro clínico de
choque circulatório irreversível, segundo os médicos. Às 22h
de sexta, foi sedada e passou a
respirar por meio de aparelhos.
A autora será velada hoje no
Cemitério Jardim da Saudade,
no bairro de Brotas. Logo após
o anúncio da morte de Zélia, o
filho dela, o empresário João
Jorge Amado, disse que o corpo
será cremado. As cinzas serão
jogadas numa mangueira localizada na casa do Rio Vermelho
-no mesmo local foram depositadas as cinzas de Jorge Amado. A cremação vai ocorrer no
mesmo cemitério.
Viúva de Jorge Amado (1912-2001), foi internada no dia 31 de
março, após ser levada por familiares para o Hospital Aliança com dores abdominais.
No dia 17 de abril, foi transferida para o Hospital da Bahia,
onde foi submetida a uma cirurgia de desobstrução de um
trecho do intestino delgado.
Durante a cirurgia, os médicos
encontraram um tumor benigno, de 15 cm, que foi retirado.
Menos de duas semanas depois, passou por uma traqueostomia -abertura de um orifício
no pescoço para colocação de
tubos responsáveis pela respiração artificial. Na última quinta, seus rins passaram a funcionar com dificuldade, o que provocou um quadro de choque.
No ano da morte de Jorge
Amado (2001), com quem conviveu por mais de cinco décadas, Zélia foi eleita para a Academia Brasileira de Letras e
passou a ocupar a mesma cadeira do autor de "Gabriela,
Cravo e Canela". A cadeira, cujo
patrono é José de Alencar, teve
no escritor Machado de Assis o
seu primeiro ocupante.
Na manhã de ontem, os médicos Jadelson Andrade, Jorge
Pereira e Izio Kowes informaram que o estado de saúde dela
era "extremamente grave".
Muito abatido, João Jorge
Amado disse que a família estava lutando muito para dar dignidade "aos últimos momentos
de vida" da escritora. "Minha
mãe foi um exemplo de vida.
Nós estamos abalados e tristes,
mas pelo menos ela não está sofrendo", afirmou na ocasião.
Ainda pela manhã, o cardiologista Jadelson Andrade, que
atendeu a família Amado nos
últimos 20 anos, disse que ela
tinha pouco tempo de vida.
Desde a última quinta, quando o estado de saúde da escritora se complicou, foi transferida
para um quarto isolado. Poucos
minutos antes de morrer, foi visitada pelos filhos, João Jorge e
Paloma, netos e sobrinhos.
Histórico
Nos últimos anos, as internações passaram a ser rotina para
Zélia Gattai. Em outubro de
2006, ela foi internada por dez
dias com insuficiência cardíaca
e edema agudo pulmonar.
Em janeiro de 2007, foi novamente internada, após sofrer
uma queda em seu apartamento. Em fevereiro desse ano, ficou oito dias no hospital, devido a uma embolia pulmonar.
Em junho, duas internações:
a primeira, por causa de uma
inflamação do nervo intercostal, e a segunda, por hemorragia
no aparelho digestivo. Em
agosto de 2007, mais uma internação por hemorragia.
Em outubro, passou por uma
cirurgia que implantou um cateter no pulmão, para evitar o
surgimento de coágulos. Nos
três primeiros meses deste ano,
foram três internações.
O governo da Bahia decretou
luto oficial de três dias pela
morte da escritora.
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