São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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CINEMA/ESTRÉIAS

"MONSTER - DESEJO ASSASSINO"

Premiada com o Oscar, atriz engordou 15 quilos e remodelou rosto com silicone

Charlize Theron se enfeia para o papel

ISABELLE REGNIER
DO "LE MONDE"

Restrita a personagens de "bonequinha" no início de sua carreira, hoje Charlize Theron quer papéis mais complexos e ambiciosos. Representar Aileen, a protagonista de "Monster", foi uma enorme satisfação. "Existe conflito na personagem, e isso é algo que as mulheres raramente têm a chance de encarnar. Quando a descobri, o que me veio à cabeça foi que era um papel à altura de Robert de Niro. Foi fabuloso."
Ela foi inspirada em Aileen Wuornos, uma prostituta de beira de estrada e autora de sete homicídios, condenada à morte na Flórida em 2002. A mídia a transformou num fenômeno: a primeira mulher americana "serial killer".
"Não é o tipo de papel para o qual se diz "sim" sem pensar. Havia muitas coisas em jogo. Essa história já tinha sido muito explorada. Num primeiro momento, conheci Patty Jenkins [a diretora, que faz aqui seu primeiro longa]. Falando com ela, compreendi que ela não ia fazer um filme apelativo sobre uma "serial killer" lésbica."
Carrasca, mas também vítima da violência, Aileen tem uma personalidade atraente, ao mesmo tempo generosa, frágil e brutal.
Para o papel, com o qual ganhou o Oscar, Theron engordou 15 quilos e remodelou seu rosto com silicone. Leu muito e passou horas com uma amiga com quem Aileen se correspondeu durante os 12 anos passados na prisão.
"Charlize Theron possui a força das atrizes da idade do ouro, como Katherine Hepburn", diz Patty Jenkins. A diretora também admira a racionalidade da atriz, sua capacidade constante de conservar os pés no chão. "Ela vê sua beleza como um instrumento."
Mais do que feminista, Theron se vê como ser humano. "Não sei muito bem se gosto do aspecto sexual do feminismo. É porque algumas pessoas esquecem que somos humanos que fazem coisas terríveis. E é esse tipo de coisa que conduz ao feminismo extremo."
Aos 28 anos, Aileen lhe proporcionou muitos prêmios, mas isso não foi o mais importante. Para a ex-modelo, que afirma ter exorcizado seu passado zombando desse meio em "Celebridade", de Woody Allen, esse papel mudou sobretudo a visão que se tem dela no mundo cinematográfico.
Ou seja, não só Charlize Theron conseguiu representar uma mulher feia, como soube conferir a ela uma dimensão mítica.


Tradução Clara Allain


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