São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Selos suecos procuram saídas fora da indústria

Para grupo de pequenas gravadoras, CD deixou de ser o interesse principal

Conjunto de ações inclui divulgação na internet, turnês e brindes: "mais que uma gravadora, viramos uma empresa musical"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ESTOCOLMO

A indústria da música morreu? Sem problemas, vem aí o Swedish Model. Sete pequenas gravadoras do rock sueco se juntaram para lançar o, considerado por eles, novo modelo de distribuição musical, que no país começa a importunar as grandes gravadoras.
A campanha, nacional, nem é grande novidade, mas posta em prática tem ganhado adeptos e vozes contrárias de toda parte. Consiste num pensamento atual de distribuição de música na contramão da indústria como a conhecíamos antes da era do download gratuito. O que interessa, para eles, deixou de ser o CD. Explica-se.
"Primeiro é preciso reconhecer que o velho modelo de consumo musical está morrendo e todo mundo baixa música de graça. Há em curso uma profunda e irreversível revolução técnica e cultural. As grandes gravadoras ainda tentam sobreviver à custa do modelo tradicional, e a indústria musical está morrendo. Nós reconhecemos isso e a partir daí sabemos que precisamos fazer alguma coisa para conseguir dinheiro de algum lugar, para pagar nossos aluguéis", afirma à Folha o produtor Abbas Salehi, iraniano que cresceu na Suécia.
"E esse dinheiro vem de turnês, camisetas de banda, merchandising espertos, festas. O CD, como suporte principal, virou um detalhe na nova ordem musical. Vá ao show da banda tal e ganhe o novo CD dela. Essa é a idéia."
Salehi é o cabeça da gravadora I Made This, que distribui também na Suécia várias bandas americanas e britânicas. Além da I Made This, participam do Swedish Model os selos Hybris, Songs I Wish I Had Written, Flora & Fauna, Adrian Recordings, Nomethod Records e A TenderVersion Recording, todas formadas de 1999/2000 para cá e por onde circulam boa parte do rock independente sueco, com várias bandas com boa projeção no circuito alternativo europeu.

Mantra
"Mais do que ser uma gravadora de música, nós viramos uma empresa musical. A primeira coisa que fizemos foi montar uma estrutura para distribuirmos música de graça na internet. Uma vez feito isso, a gente pega a banda, bola estratégias de marketing, estruturamos sua turnê, montamos festas para ela, criamos logo, tentamos colocá-las em filmes de cinema e seriado de TV, melhoramos seus equipamentos", enumera Abbas Salehi.
"Our Fans Are Belong to Us" é o mantra aparentemente bobo e de inglês ruim, tirado de game para o Mega Drive. O game, versão do japonês "Zero Wing", abre com a frase "all your base are belong to us", que depois, por algum motivo, virou um fenômeno da internet.
O mantra em si pode parecer bobo, mas o recado dos sete selos que juntos estão mudando a música na Suécia está dado direitinho. (LÚCIO RIBEIRO)


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