São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

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Aos 18 anos, Sutil Companhia de Teatro quer se mostrar múltipla

Diretor Felipe Hirsch atribui sucesso do grupo mais pop do país à contribuição de parceiros

Grupo faz aniversário com mostra que inclui "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas", peça inédita em São Paulo

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

A Cia. Sutil alcança maioridade. Dezoito anos, 30 espetáculos e mais de cem prêmios e indicações se passaram, e as pessoas continuam achando que o grupo é sinônimo de Felipe Hirsch e Guilherme Weber. "A gente trabalha com pelo menos 15 pessoas há dez anos", contesta Hirsch.
A dupla fundou a companhia em Curitiba, em 1993. De lá para cá, a família tornou-se progressivamente mais numerosa e inquieta, transitando a cada trabalho com maior ousadia e fluidez entre as diversas fronteiras artísticas.
"Graças aos nossos parceiros, partimos sempre do ponto em que paramos. A gente caminha junto", explica.
A Sutil Cia. comemora maioridade com uma mostra a partir de hoje em São Paulo.
O evento é composto pela estreia paulistana de "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas", segunda parte da trilogia Som e Fúria, iniciada em 2000 com a peça que deu notoriedade ao grupo, "A Vida é Cheia de Som e Fúria".
"Não sobre o Amor" (2008) e "Thom Pain/Lady Grey" (2007) também compõem a programação.
Além da dupla fundadora, a cenógrafa Daniela Thomas, o iluminador Beto Bruel, a atriz e tradutora Erica Mignon, o ator Leonardo Medeiros e o diretor-assistente Murilo Hauer são alguns dos parceiros responsáveis pela trajetória marcante do grupo.
"As parcerias sempre me interessaram muito mais que as personagens", fala Weber.
Erica Mignon foi a primeira a se juntar ao grupo, como sócia, já na segunda criação, em 1996. "Desde então sou sócia, atriz, tradutora, produtora, criadora...", diz ela.
Hirsch apelidou Erica de cão de guarda da dramaturgia. "Ela é quase um policial, cobra fidelidade dos textos que a gente monta, até daqueles que não traduz", fala.
Colaborador da Sutil há 17 anos, Beto Bruel é considerado o pintor do grupo. Em vez de pincel, usa qualquer elemento capaz de clarear a cena, inclusive madeira.
Em "Não sobre o Amor" ilumina os atores apenas pelo reflexo da luz que incide sobre uma madeira. O feito lhe rendeu um dos principais prêmios internacionais de iluminação cenográfica do mundo, o World Stage Design, de Seul.
A essência artística de Daniela Thomas sintetiza a busca da Sutil em unificar várias linguagens em uma única criação. "Ela é a tradução da amplitude que a gente busca, tem como compromisso não se amesquinhar num só gênero", comenta o diretor.
Daniela foi chamada para conhecer a dupla fundadora em 2001, durante os ensaios de "Nostalgia". "Foi uma conversa incrível. Os interesses me fizeram sentir completamente em casa. Como se finalmente tivesse encontrado minha família depois de bastante tempo desinteressada de teatro", fala ela.
Os Sutil têm em comum a alma atormentada. "Somos parecidos nas angústias", conta. A crise existencial é uma constante, servindo de alimento às criações.
"Não sobre o Amor" nasceu de uma necessidade de Hirsch falar sobre o exílio. Na época, o diretor digeria a mudança de Curitiba para São Paulo. "Trilhas Sonoras..." surgiu após um problema de saúde que o fez constatar o fim de sua juventude.
Os 18 anos chegam, felizmente, sem sinal de serenidade. Prosseguem em crise, inclusive financeira, com planos para cinema, ópera e teatro. "Caminhamos cada vez mais abertos a novas parcerias e diálogos", diz Weber.


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