São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

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José Dirceu foi nomeado sem consulta

Novo patrono da Fundação Nemirovsky foi indicado pela família; parte do conselho soube da notícia pela Folha

Presidente do conselho diz que a coleção está "muito bem acolhida" na Pinacoteca; Dirceu quer museu próprio

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

A escolha de José Dirceu como patrono da Fundação Nemirovsky foi feita sem consulta ao conselho da instituição. Alguns membros dizem ter sabido da escolha pela informação da coluna Mônica Bergamo de ontem.
A curadora Celita Procópio de Carvalho, que faz parte do conselho, afirma ter sido "pega de surpresa". Da mesma forma, o advogado Arnoldo Wald Filho, presidente do conselho desde o fim de maio, disse que estava viajando e havia acabado de se inteirar da escolha.
"Mas não vejo mal. Todos os que quiserem ser patronos ou patrocinadores da fundação são muito bem-vindos. Espero que Dirceu seja apenas um dentre muitos."
Wald fez questão de reforçar, porém, que a fundação está "muito bem acolhida" na Pinacoteca do Estado, numa divergência explícita em relação aos planos da família Nemirovsky e de Dirceu de construir um museu para abrigar a coleção.
"Na Pinacoteca, só 50 quadros ficam expostos, e outros 300 ficam na reserva", disse o empresário Paulo Leme, marido de Beatriz Nemirovsky, que costuma se pronunciar pela família.
Leme confirmou que o conselho não foi consultado, pois seria "direito da família" nomear alguém para um cargo de honra dentro da instituição. Ele e Dirceu são amigos "há muitos anos".
O contrato de comodato com a Pinacoteca prevê que a coleção permaneça no museu até 2020. O diretor da instituição, Marcelo Araújo, não quis comentar o assunto.
Curador de fundações do Ministério Público, Airton Grazzioli pediu para "refletir um pouquinho" antes de responder. Mas adiantou que "não existe o quadro de patrono na estrutura interna da fundação". E que "todas as vagas ali estão completas".
Ex-presidente da entidade, Jorge Wilheim riu. "Só posso achar a notícia cômica. Prefiro não falar mais nada."


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