São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

OPINIÃO

Teor político de indicação pode afetar nobreza da coleção

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

A primeira ação pública do novo conselho da Fundação Nemirovsky, agora presidido pelo advogado Arnoldo Wald Filho, é preocupante.
Nomear José Dirceu como patrono da instituição chega a ganhar tom de piada. Afinal, qual o vínculo do ex-deputado com a arte brasileira?
O que ele pode, de fato, agregar a uma das mais importantes coleções modernas do país é uma incógnita.
Junto com os herdeiros, o ex-ministro estaria envolvido na busca por patrocinadores para um novo museu, que seria construído para abrigar todo o acervo.
A questão central está, então, no porquê de tirar a coleção da Pinacoteca, espaço que é hoje tido como um dos museus mais prestigiados não só no Brasil como também no exterior.
Não se pode esquecer de que foi a própria criadora da coleção, Paulina Nemirovsky, morta em 2005, quem fez o acordo de comodato com o Estado, em 2004, e que se desdobrou na parceria com a Pinacoteca.
Estarrecedor é que o Ministério Público -que fortaleceu a família, para a qual Dirceu é "patrimônio nacional"- ainda possa vir a dar suporte a essa empreitada.
Ao se apoiar num dos nomes mais comentados da política nacional, em que o jogo de interesses pessoais tem se mostrado mais importante que valores públicos, o futuro da coleção não aparenta ser nobre.


Texto Anterior: José Dirceu foi nomeado sem consulta
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.