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MÚSICA
Quatro adolescentes se suicidaram depois da morte de Rodrigo Bueno
Ídolo do pop argentino é "santificado" por seus fãs
GUSTAVO CHACRA
DE BUENOS AIRES
Morto em um acidente de carro
em 24 de junho passado, aos 27
anos, o cantor argentino Rodrigo
Bueno está sendo "santificado"
pelos seus fãs.
No local do acidente, em estrada
que liga Buenos Aires a La Plata,
foi construído um santuário, ao
qual adolescentes, seu público-alvo, levam velas diariamente.
O fanatismo por Bueno chegou
ao extremo quando, no mês passado, quatro meninas se suicidaram após a sua morte.
Rodrigo virou até "anjo". "Santinhos" têm sido vendidos nas
bancas, a cinco pesos (US$ 5),
junto com uma "biografia não-autorizada de Rodrigo".
"O santinho que vai mudar sua
vida", como promete a propaganda, traz a "Oração ao Anjo Rodrigo", que pede que a alma do cantor ajude a levar felicidade aos desamparados.
As estampas trazem a foto do
cantor e a legenda "Deus escolhe
almas santas para santificar o
céu". Uma frase, atribuída à mãe
do cantor, recomenda, na capa da
revista: "Peçam o que queiram e
Rodrigo o concederá".
A "santificação de Rodrigo" já
está sendo comparada à da ex-primeira-dama Evita Perón e à do
cantor de tango Carlos Gardel pela imprensa argentina.
Mas Bueno nunca foi conhecido
internacionalmente, como Gardel, cujos tangos são tocados em
todo o mundo até hoje, e como
Evita, uma das mulheres mais carismáticas da história do país.
Bueno era famoso apenas na Argentina, e mesmo no país o seu
sucesso é recente -durante 13
anos ficou restrito a sua cidade
natal, Córdoba.
O "fenômeno Rodrigo", como é
chamada a rápida ascensão do
cantor, começou em janeiro. Com
a canção "Soy Cordobês", Bueno
conseguiu se tornar o cantor mais
ouvido em todo o país.
Seus shows lotavam o Luna
Park, principal casa de shows em
Buenos Aires, e sua presença era
constante em programas de TV.
O novo ídolo pop era capa de revistas de comportamento praticamente toda semana.
A "Notícias", principal revista
semanal da Argentina, tentou explicar o fenômeno. Sua conclusão
foi que a mídia estava por trás do
sucesso repentino e que, em pouco tempo, Bueno cairia no esquecimento -o que realmente estava acontecendo nas semanas anteriores a sua morte.
A imprensa voltou a falar do
cantor somente apenas após o
acidente, quando começou a se
perguntar se o cantor teria sido
somente um modismo -o fanatismo demonstrava o contrário.
Cerca de 500 mil CDs foram
vendidos, dando um faturamento
de US$ 5 milhões para a sua gravadora.
Maradona, um de seus maiores
fãs, fez questão de vir à Argentina
para o enterro de Bueno. E, antes
de voltar para Cuba, disse que,
após a morte de Bueno, a sua imagem da Argentina passou a ser a
de um país triste. Agora a imprensa do país quer saber até quando
durará o fenômeno do "santo Rodrigo".
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