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COMENTÁRIO
Maior de todas, Celia Cruz não será superada
GUGA STROETER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Celia Cruz nasceu em 21 de
outubro de 1924, foi a cantora mais importante da história da
música latina e não será superada.
Celia forjou um estilo único caracterizado principalmente pela
potência de sua emissão vocal.
Numa cultura de emoções superlativas, como a afro-cubana, seu
timbre sobrepunha-se com naturalidade sobre orquestrações repletas de trompetes e percussão.
Sua carreira fonográfica iniciou-se em 1951, e no final dos
anos 50 já era uma artista internacionalmente consagrada. Celia
deixou Cuba em 1960 e jamais regressou. Foi ativa militante anticastrista e nem mesmo por ocasião da morte de seu pai teve permissão para retornar à terra natal.
Estabeleceu-se primeiramente
no México e depois se mudou em
definitivo para os EUA, onde trabalhou com a orquestra Sonora
Matancera e com os maestros
Johny Pacheco e Tito Puente.
Sua popularidade ganhou dimensões definitivas em meados
dos anos 70, quando a música caribenha ressurgiu nos bairros latinos de Nova York, agora rebatizada com o nome genérico de salsa.
Um de seus principais sucessos
foi uma versão para o espanhol da
canção "Você Abusou", dos baianos Antonio Carlos e Jocafi. Celia
Cruz sempre gostou da música
brasileira e esteve excursionando
por aqui algumas vezes.
No começo dos anos 90, o então
presidente da Polygram do Brasil,
Marcos Maynard, tentou promovê-la relançando a canção tropicalista "Soy Loco por Ti América", num dueto com Caetano Veloso. Mas quando ela se deu conta
de que os versos de Capinam "El
nombre del hombre muerto ya no
se puede decirle quem sabe" eram
uma alusão ao líder revolucionário Che Guevara, preferiu adiar o
projeto.
De qualquer forma, Caetano e
Celia dividiram um concerto memorável no Free Jazz de 1995, em
que interpretaram sem nenhum
constrangimento os versos "Desde Celia Cruz cuando eu era um
niño de Jesus, e a revolução que
também tocou meu coração" da
rumba "Quero ir a Cuba".
Guga Stroeter, 42, é músico da Orquestra Heartbreakers e presidente da ONG Sambatá, que promove o intercâmbio
musical entre Brasil e Cuba
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