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São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

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COMENTÁRIO

Maior de todas, Celia Cruz não será superada

GUGA STROETER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Celia Cruz nasceu em 21 de outubro de 1924, foi a cantora mais importante da história da música latina e não será superada. Celia forjou um estilo único caracterizado principalmente pela potência de sua emissão vocal. Numa cultura de emoções superlativas, como a afro-cubana, seu timbre sobrepunha-se com naturalidade sobre orquestrações repletas de trompetes e percussão.
Sua carreira fonográfica iniciou-se em 1951, e no final dos anos 50 já era uma artista internacionalmente consagrada. Celia deixou Cuba em 1960 e jamais regressou. Foi ativa militante anticastrista e nem mesmo por ocasião da morte de seu pai teve permissão para retornar à terra natal.
Estabeleceu-se primeiramente no México e depois se mudou em definitivo para os EUA, onde trabalhou com a orquestra Sonora Matancera e com os maestros Johny Pacheco e Tito Puente.
Sua popularidade ganhou dimensões definitivas em meados dos anos 70, quando a música caribenha ressurgiu nos bairros latinos de Nova York, agora rebatizada com o nome genérico de salsa.
Um de seus principais sucessos foi uma versão para o espanhol da canção "Você Abusou", dos baianos Antonio Carlos e Jocafi. Celia Cruz sempre gostou da música brasileira e esteve excursionando por aqui algumas vezes.
No começo dos anos 90, o então presidente da Polygram do Brasil, Marcos Maynard, tentou promovê-la relançando a canção tropicalista "Soy Loco por Ti América", num dueto com Caetano Veloso. Mas quando ela se deu conta de que os versos de Capinam "El nombre del hombre muerto ya no se puede decirle quem sabe" eram uma alusão ao líder revolucionário Che Guevara, preferiu adiar o projeto.
De qualquer forma, Caetano e Celia dividiram um concerto memorável no Free Jazz de 1995, em que interpretaram sem nenhum constrangimento os versos "Desde Celia Cruz cuando eu era um niño de Jesus, e a revolução que também tocou meu coração" da rumba "Quero ir a Cuba".


Guga Stroeter, 42, é músico da Orquestra Heartbreakers e presidente da ONG Sambatá, que promove o intercâmbio musical entre Brasil e Cuba


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