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MÚSICA
"LIPSTICK KILLERS"/"BUZZCOCKS"
E punks veteranos ainda queimam gás
The New York Dolls lembram que rock também é escracho
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Muito em muito pouco tempo, como diz o título do segundo e último disco, "Too Much
Too Soon" (1974).
Os New York Dolls existiram
por apenas seis anos -1971-77-
, gravaram apenas um par de álbuns -o primeiro, homônimo,
de 73-, mas deixaram testamento bem longo e ainda frutífero.
Exemplo disso é "Lipstick Killers", que a Trama lança no país.
O disco traz nove canções gravadas de modo cru e tosco em
1972, no que foi chamado "The
Mercer Street Sessions". Havia
visto a luz do dia em 1981, no formato cassete, através do histórico
selo Roir. É o resgate do resgate.
"Lipstick Killers" vem com nove faixas. Ásperas, secas e incisivas, algumas delas seriam lapidadas posteriormente e incluídas
nos dois discos do grupo.
Em músicas como "Personality
Crisis", "Looking for a Kiss" e
"Human Being", os Dolls capturavam a agressividade de Rolling
Stones e The Who e embalavam
com o visual descarado do glam
rock. Tocavam em buracos nova-iorquinos como o Max's Kansas
City e o CBGB's vestidos como
drag queens, numa época em que
isso ainda era considerado transgressor. Foi dali, de Velvet Underground, Stooges e MC5, que apareceu o punk.
Liderado por Johnny Thunders
e David Johansen, o New York
Dolls teve vida curta e trágica. O
baterista Billy Murcia morreu durante uma turnê londrina, logo
após "Lipstick Killers", ao misturar quantidades nada recomendáveis de álcool e drogas. Anos
depois, em 1991, o guitarrista
Thunders sofreria overdose fatal.
Pouco antes de seu encerramento, a banda ainda seria empresariada -ou usada como cobaia- por Malcolm McLaren,
que utilizaria a experiência para
criar os Sex Pistols.
Em 1977, o rock não morreu
com o New York Dolls, mas ficou
um pouco menos... engraçado.
Nostalgia
Se "Lipstick Killers" mostra o
passado glorioso de uma banda
idem, "Buzzcocks" (que chega
também via Trama) revela o presente de um grupo nostálgico.
Menos anárquicos do que os
Sex Pistols e sem o engajamento
político do Clash, os Buzzcocks
foram (quase) igualmente responsáveis pelo impacto musical/
cultural do punk britânico.
É verdade que a banda nunca
produziu em estúdio um disco no
mesmo patamar qualitativo de
"Never Mind the Bollocks" (Pistols) ou "London Calling"
(Clash), mas criaram gemas aqui
e ali, como "Ever Fallen in Love?"
e "Harmony in My Head" -prova é a coletânea "Singles Going
Steady", de 1979.
O punk com certo traço pop dos
Buzzcocks foi roído até o osso por
grupos como Green Day e Offspring, e o disco lançado agora ainda traz aquilo de volta.
O problema aqui é que o "gás"
que empurra os Buzzcocks é o
mesmo que já move suas crias há
tempos. Quem parece cansado
depois da audição não são Pete
Shelley e Steve Diggle -fundadores e ainda no grupo-, mas, sim,
o ouvinte.
Há faixas como "Friends", "Wake Up Call" e "Keep On", vigorosas, encorpadas, mas é pouco. Para os fãs e para a banda.
Lipstick Killers
Artista: The New York Dolls
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 27 (preço sugerido)
Buzzcocks
Artista: Buzzcocks
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 28 (preço sugerido)
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