|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
32º FESTIVAL DE GRAMADO
Filme "O Quinze" não agrada
Superprodução "Olga" ofusca estréia de longas na competição
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
Na tela, um filme de tema denso
e resultado frágil ("O Quinze", de
Jurandir Oliveira). Fora dela, a caça por autógrafos de estrelas pouco identificadas com a sétima arte, como a ex-Tiazinha Suzana Alves. O 32º Festival de Gramado
- Cinema Brasileiro e Latino largou na última segunda-feira, com
a sua já típica proposta de harmonizar cinefilia e desfile de celebridades.
A noite esteve mais para celebridades. Um substancial auxílio para a badalação ocorreu com a exibição "hors-concours" de "Olga",
maior aposta da Globo Filmes
neste ano, que estréia nos cinemas do Brasil na próxima sexta-feira.
Gritos do público que circunda
o Palácio dos Festivais (sede da
mostra), câmeras e microfones da
imprensa se voltaram para o diretor do longa, Jayme Monjardim,
seu elenco -os protagonistas Camila Morgado (Olga) e Caco Ciocler (Luiz Carlos Prestes) mais
Werner Schünemann e Murilo
Rosa-, equipe técnica, o músico
Marcus Viana e a diretora de arte
Tiza de Oliveira, além da produtora Rita Buzzar, que levou dez
anos para viabilizar a superprodução de R$ 10 milhões. Até o governador do Rio Grande do Sul,
Germano Rigotto (PMDB), compareceu à sessão.
No debate de ontem de manhã,
Monjardim rebateu indiretamente ressalvas que a crítica faz ao filme. Sobre a trilha, disse: "Sou um
pouco abusivo em música. Isso
faz parte do meu trabalho".
A respeito da caracterização do
personagem real Filinto Muller,
afirmou: "Se tivéssemos mais cenas [de Muller], isso se diluiria,
mas, como são poucas, pode dar
uma idéia de vilania".
A lotação de "Olga" contrastou
com os numerosos lugares disponíveis da sessão seguinte -do
cearense "O Quinze", primeiro da
competição oficial de longas brasileiros, que corre paralela à disputa entre os latinos.
O diretor Jurandir Oliveira acusou as ausências de forma amável.
"Queria agradecer a todos que estão aqui, porque não é fácil, depois de assistir a um filme com a
força de "Olga", ficar para ver outro." Em seguida, Oliveira assegurou ao público restante que seu
longa baseado na obra literária
homônima de Rachel de Queiroz
(1910-2003) "é bom e tem só 96
minutos".
Malgrado a pouca extensão, "O
Quinze" se arrasta ao não conseguir contornar o tom autopiedoso
para com o homem submetido ao
flagelo da seca nem evitar interpretações inconvincentes, caso de
Karina Barum como Conceição,
personagem que deveria transitar
com mais complexidade entre a
tirania e a piedade, e a de Juan Alba, que não dá suficiente relevo à
personalidade do coronelzinho
Vicente.
"Filhas do Vento"
A abertura sem empolgação
transferiu para a próxima quinta
a expectativa de ver na tela uma
boa surpresa, que poderá ser a estréia na ficção do documentarista
Joel Zito ("A Negação do Brasil")
com "Filhas do Vento", realizado
apenas com atores negros.
Para ontem, estava prevista a
apresentação de "Araguaya - A
Conspiração do Silêncio" (DF),
de Ronaldo Duque, e do cubano
"Suite Habana", de Fernando Perez, inaugurando a competição
entre os longas latinos.
A jornalista Silvana Arantes viajou a
convite da organização do Festival de
Gramado
Texto Anterior: Intercâmbio: Artes chinesas desembarcam no Brasil Próximo Texto: Notas - O desaparecido: Ator de "O Quinze" "some" durante apresentação Índice
|