São Paulo, Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MTV
Dinho, da banda Capital Inicial, acha que a abertura a gêneros "levou a emissora ao povo'; e com ela foi o rock
Roqueiro defende mudanças do VMB

da Redação

Falta um dia para o quinto Video Music Brasil da primeira década de MTV no país. E as mudanças pelas quais a emissora passou no começo deste ano se refletem na premiação, que acontece amanhã, a partir das 22h.
Foram criadas duas categorias, de gêneros tipicamente brasileiros, o axé e o pagode, que passaram a ocupar mais espaço na MTV, em detrimento do rock, da música alternativa, do rap e outros gêneros que não se mostraram muito populares no Brasil. E, entre roqueiros, está melhor assim.
Apesar de estar concorrendo em cinco categorias, entre elas na de rock, com o clipe de "O Mundo", o vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, acha que "essa segmentação é boa como valor inerente". É a primeira vez que a banda concorre ao clipe de ouro do VMB.
"A MTV é um veículo importante, incomparável, mas há programas na TV aberta para um público similar", disse Dinho.
"Parece-me melhor para todos que haja mais segmentação. Caso contrário a MTV, que sempre me apoiou, corria o risco de fechar, e isso seria pior."
Com essa abertura a gêneros brasileiros, Dinho acredita que, mesmo com uma possível diminuição de espaço na MTV, o rock será visto por mais gente.
"Se a audiência era de meio ponto antes dessa mudança e o rock tinha mais espaço, agora há mais gente assistindo à MTV, que não aboliu o rock e está "no azul'", afirmou Dinho.
"Esse é o Brasil real. Se o povo não ia à MTV, a MTV foi ao povo. Antes, ficou claro que a emissora tinha dado um passo maior do que a perna, porque o mercado brasileiro não estava preparado para aquele tipo de programação que era exibida", disse.
Uma programação, segundo Dinho, muito direcionada ao público paulistano, e que não reflete o resto do Brasil.
"A realidade cosmopolita de São Paulo não é referência para o país, nenhuma metrópole é; talvez Brasília seja a cidade que mais se aproxime disso. Mas essa discussão é muito boa, porque sempre prevalecem as opiniões de Caetano (Veloso) e (Gilberto) Gil sobre o que é Brasil. O Brasil não tem definição."
Mesmo com as cinco indicações, Dinho não espera levar nenhum prêmio, e considera o Capital Inicial "um azarão" no VMB deste ano-"só o fato de a banda ter sido indicada já é legal".
"As categorias são decididas por um colegiado. E há um certo lobby. Os jurados tendem a... Eu não sei... É meio quem está na moda, como escolher os diretores de arte mais badalados", afirmou.


Texto Anterior: Da Rua - Fernando Bonassi: Trabalho honrado
Próximo Texto: Júri "velho" não exprime gosto da audiência
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.