São Paulo, Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999
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EVENTO FOLHA
Evento marcou lançamento da edição 42 da "Revista USP"
Pós-modernidade precisa ser decifrada, conclui debate

da Reportagem Local

Vivemos na pós-modernidade e não sabemos ainda o que isso significa -esse foi o único e paradoxal consenso entre os participantes do debate "Pós-modernidade e Multiculturalismo", que marcou o lançamento da edição 42 da "Revista USP".
Realizado no auditório da Folha, na segunda-feira, o evento reuniu os professores Antonio Junqueira de Azevedo, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Laymert Garcia dos Santos, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Teixeira Coelho, diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP, e Gisela Taschner, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. O mediador foi o jornalista Fernando de Barros e Silva, da Folha.
O centro do debate foi: o que é a pós-modernidade e quais os seus ecos nas áreas de atuação dos quatro debatedores.
Gisela Taschner, socióloga, começou apresentando um leque de definições do conceito. Abordou tanto as idéias do filósofo francês Jean-François Lyotard, considerado o primeiro teórico da "condição pós-moderna" (que detectou que "o status do conhecimento é alterado na medida em que as sociedades entram no que é conhecida como era pós-industrial"), quanto as do filósofo alemão Jürgen Habermas, um dos mais árduos contestadores da vigência da pós-modernidade.
O modo como o pós-modernismo se infiltra nas discussões do direito foi o tema de Junqueira Azevedo. Ele salientou o processo de particularização das leis, antes indiscutivelmente universais, e o modo como conflitos sociais deixam de ser solucionados apenas pelo Judiciário.
Para Laymert Garcia, a discussão sobre pós-modernidade enfrentaria problemas a começar pela falta de conceitos para abordá-la. "O referencial conceitual não se aplica à nova realidade."
A exposição de Teixeira Coelho rondou em torno da ressonância do pós-modernismo na arquitetura e nas artes. Para ele, a crítica ao modernismo teria promovido nesses dois campos um retorno a padrões estéticos figurativos em contraposição ao abstracionismo característico do moderno. Outra particularidade do criador pós-moderno seria a de não ser tão obcecado por exibir uma voz própria. "Ele busca soluções artísticas locais e imediatas, que podem ser diferentes a cada momento", concluiu Coelho.


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