São Paulo, Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999 |
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TRECHO "Dr. Silveira pega Terezinha pelo braço. Ela está estática, não sai do lugar. Camarão e Rubião imóveis. Um tempo e Terezinha vai até a janela, com dificuldade. Terezinha: "O que é que a gente faz, doutor? Pra gente não morrer por falta de atendimento? Os funcionários fazem greve para receber salário e nós devemos fazer o quê? Greve por melhor tratamento? Adianta fazer isso? Se adianta me ensina. Me diz. Me fala. Como é que doente faz greve? Pára de comer? É isso que nós devemos fazer? Paro com a hemodiálise, paro de fazer exame, paro de me sentir mal? Cada um de nós dá uma ordem pro corpo parar de ficar doente por uma semana, 30 dias, um ano, enquanto as autoridades não cuidam de nós com o mínimo de condições?". (Silêncio.) Terezinha: "Nós doentes não podemos fazer nada, doutor. Tá todo mundo de mãos atadas, de órgãos atados esperando o tempo passar. E torcendo para que passe rápido". (Silêncio. Terezinha leva mão à cabeça.) Terezinha: "Eu não estou me sentindo bem...' Dr. Silveira (indo até ela): "Apóie-se em mim"." Trecho da peça "S.O.S. Brasil", de Antonio Ermírio de Moraes, que estréia hoje Texto Anterior: "Saúde é ponto básico", diz empresário Próximo Texto: Marcelo Coelho: Razões para não gostar de Dufy Índice |
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