São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Crítica

Hitchcock faz mistura entre erudito e popular

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em geral se faz a música para um filme. Precisava ser Hitchcock para inverter tudo e fazer um filme para uma música.
Ou, talvez, para duas. Uma delas, popular, é a que Doris Day canta nas horas de alegria e nas de desespero.
A outra é a sinfonia que Bernard Herrmann rege e durante a qual, no momento do bater de pratos, deve se consumar um assassinato. Tudo isso em "O Homem que Sabia Demais" (TCM, 22h).
Hitchcock sabe que o mundo da cultura divide-se entre erudito e popular, mas acredita que essa divisão não faz muito sentido. Daí se empenhar em nos fazer compreender a emoção que uma sinfonia pode transmitir (por emoção entenda-se, no caso, suspense) e a profunda angústia contida em uma canção despretensiosa.
O cinema já trabalhava com essa dicotomia havia décadas (não só essa: ser arte e indústria, artesanal e técnico, são outras), quando Hitch fez seu filme, nos anos 50. A diferença é que ele o fez em plena consciência, dissecando a questão.


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