|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Hitchcock faz mistura entre erudito e popular
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em geral se faz a música para
um filme. Precisava ser Hitchcock para inverter tudo e fazer
um filme para uma música.
Ou, talvez, para duas. Uma
delas, popular, é a que Doris
Day canta nas horas de alegria e
nas de desespero.
A outra é a sinfonia que Bernard Herrmann rege e durante
a qual, no momento do bater de
pratos, deve se consumar um
assassinato. Tudo isso em "O
Homem que Sabia Demais"
(TCM, 22h).
Hitchcock sabe que o mundo
da cultura divide-se entre erudito e popular, mas acredita
que essa divisão não faz muito
sentido. Daí se empenhar em
nos fazer compreender a emoção que uma sinfonia pode
transmitir (por emoção entenda-se, no caso, suspense) e a
profunda angústia contida em
uma canção despretensiosa.
O cinema já trabalhava com
essa dicotomia havia décadas
(não só essa: ser arte e indústria, artesanal e técnico, são outras), quando Hitch fez seu filme, nos anos 50. A diferença é
que ele o fez em plena consciência, dissecando a questão.
Texto Anterior: Premiação: "Família Soprano" leva três Emmys Próximo Texto: Fernando Bonassi: Os verdadeiros culpados Índice
|