São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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"Eu adoraria dar uma palestra na USP"

Laurentino Gomes diz que mercado editorial ainda é amador e que "1822" é "candidato natural a minissérie"

Autor prepara agora obra "1889" e revela ter planos de escrever sobre a escravidão e a Guerra do Paraguai


DE SÃO PAULO

Sucesso no papel, Laurentino Gomes diz acalentar o ideia de ver "1808" e "1822" serem vertidos para a TV. "São candidatos naturais a minisséries." Já o próximo livro será sobre "1889", para "fechar a trilogia das datas ícones da formação do Brasil". Mas Gomes pensa em escrever sobre a escravidão e a Guerra do Paraguai -"sempre no século 19". (MARCOS FLAMÍNIO PERES)

Folha - O sucesso o espanta?
Laurentino Gomes
- Sim. Ainda não me acostumei com a ideia de ser um best-seller. Porque o livro tem uma coisa misteriosa: a resposta imediata do leitor, que procura contato com o autor -por e-mails, bate-papos, sessões de autógrafo...

Como organiza a massa de informações?
Tendo a fazer uma edição sutil. Pesquiso sozinho, porque às vezes há informações que mudam toda a forma de organização do texto.

Sua obra enfatiza mais pessoas que processos -social, econômico, cultural... Isso também vem do jornalismo?
Sim, mas também é uma fórmula narrativa comum nos EUA e no Reino Unido. O personagem se torna um avalista de uma informação de caráter mais sociológico.

Um livro sobre história pode ser ideologicamente neutro?
Não acredito nisso. Algo fascinante nessa disciplina é que ela pode justamente ser manipulada o tempo todo -seja por quem está no poder ou na oposição.

Como reage às críticas de que livros de divulgação banalizam a história?
Já foram mais fortes; hoje os historiadores sérios já aceitam a ideia de que sou um divulgador e não um banalizador.

O mercado editorial no Brasil ainda é muito amador?
Sim, por não conseguir criar fórmulas para ampliar o público leitor. É preciso fazer livros com linguagem mais acessível! É um erro dizer que o problema da falta de leitura no Brasil é apenas devido à falta de renda e escolaridade. A formação de leitores começa por "Harry Potter" [de J.K. Rowling] e "Crepúsculo" [de Stephenie Meyer], não pela literatura "nobre".

Você gostaria de ser convidado para dar uma aula ou palestra na USP, que é o ícone da academia no Brasil?
Gostaria muito! Em primeiro lugar, porque é um lugar que identifica novos fenômenos e os analisa com profundidade. E também para eu poder entender como a academia -que respeito muito, como a USP- interpreta o meu fenômeno.


1822

AUTOR Laurentino Gomes
EDITORA Nova Fronteira
QUANTO R$ 44,90 (352 págs.)
AVALIAÇÃO bom




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