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MÚSICA
Acervo familiar e artístico dos irmãos será reunido em casarão do século 18, em Santo Amaro, na Bahia
Caetano Veloso e Maria Bethânia vão ganhar museu
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Caetano Veloso, 59, e Maria Bethânia, 55, vão ganhar um museu.
Todo o acervo familiar e artístico
dos irmãos, catalogado por parentes e amigos, vai ser reunido
em uma área exclusiva de um casarão colonial do século 18, de
dois andares, localizado em Santo
Amaro (71 km de Salvador), cidade natal da família Veloso.
Doado especificamente para esse fim à família Veloso pela advogada Lucília Libório Trzan, 60,
proprietária do Solar Paraíso (nome do imóvel), o casarão já foi totalmente restaurado pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes.
"Agora precisamos adaptar o
casarão às características de um
museu", disse a advogada, que
também preside o conselho consultivo do museu. Tombado pelo
Instituto do Patrimônio Artístico
e Cultural (Ipac), o imóvel tem
cerca de 1.400 metros quadrados.
De acordo com Trzan, alguns
empresários já foram contatados
para financiar a etapa final da
obra que consiste em adaptações
de alguns cômodos. "Pretendemos inaugurar o museu antes do
final do ano", acrescentou.
Pelo projeto original, o térreo
do casarão será destinado exclusivamente a abrigar o acervo dos
artistas. Já o segundo andar do
prédio vai funcionar para eventos
e exposições.
Será possível encontrar raridades até então nunca reunidas.
No caso de Caetano Veloso, deverão ser expostos no museu os
primeiros rascunhos de quase todas as suas composições, desenhos feitos pelo artista na juventude, críticas de filmes, cartas enviadas à família e aos amigos
quando estava no exílio, redações
escolares, fotografias de suas primeiras apresentações e roupas
usadas em shows na década de 60.
Em uma carta, o compositor
baiano narra o seu primeiro contato com uma escada rolante.
"Anteontem fomos à Sears [antiga loja de departamentos", onde
tem a tal escada que sobe com
agente (sic). Subi nela, quando
cheguei ao primeiro andar, encontrei outra..."
Sobre Maria Bethânia serão expostos programas que marcaram
as suas primeiras apresentações
em Salvador e no Rio de Janeiro,
roupas, capas originais dos discos, troféus, medalhas e críticas.
Segundo Mabel Veloso, 60, irmã
do compositor, os primeiros trabalhos e publicações de Caetano
Veloso e Maria Bethânia foram
catalogados e guardados por seu
pai, José Telles Veloso, morto em
dezembro de 83.
Amiga da família Veloso, a repórter-fotográfica Maria Sampaio
também possui catalogados cerca
de 5.000 recortes de jornais e revistas brasileiros e estrangeiros
sobre Caetano Veloso.
Entusiasmada com a idéia do
museu está dona Canô Veloso, 94,
a matriarca da família. "Com a
inauguração do museu, certamente vão aparecer outros documentos. O que nós queremos é
reunir todo este acervo e deixar
para a posteridade", disse.
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