São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

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TELEVISÃO

Record coloca no ar hoje sua nova novela e, com medo de perder audiência, adia fim do policial "Cidade Alerta"

"A Escrava" estréia e prorroga mundo cão

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Escrava Isaura" estréia hoje na Record, às 18h45, e Marcelo Rezende e seu "Cidade Alerta" ficam sem a "carta de alforria" prometida pela direção da emissora.
Na tentativa de vender a anunciantes e telespectadores uma imagem de "TV de qualidade", a rede havia anunciado oficialmente duas vezes que tiraria do ar o telejornal do mundo cão. O "assassinato" do programa e o lançamento da novela aconteceriam na mesma data, marcando na rede o início de uma "nova era". Balela.
A emissora decidiu por ora manter o "Cidade Alerta" no ar a fim de chamar, aos gritos, audiência para "A Escrava Isaura", exibida na seqüência do policial.
Antes, os planos oficiais eram fazer do fim da tarde e início do horário nobre um "sanduíche de credibilidade". Primeiro, o recém-lançado "Tudo a Ver", de Paulo Henrique Amorim, depois a novela e, por fim, o "Jornal da Record", com Boris Casoy.
"Tudo a Ver" tem lá seus cinco pontos de audiência (cada ponto equivale a 49,5 mil domicílios na Grande SP), mas não chega aos oito, nove do "Cidade Alerta". Veio, então, o dilema: como perder quase 50% de telespectadores em pleno lançamento de novela? E ainda por cima de uma trama que tem duas opções: emplacar no Ibope ou emplacar no Ibope.
Após o vexame completo da tentativa de retomar a teledramaturgia com "Metamorphoses", a Record nem cogita fracasso semelhante com "A Escrava Isaura".
Seria uma tragédia diante do sonho de "roubar" o segundo lugar no Ibope do SBT, que sustenta boa parte de seu sucesso com novelas do México e produções brasileiras com textos mexicanos.
É por isso que "A Escrava Isaura" estréia hoje com a filosofia oposta à da "modernosa" "Metamorphoses". Tudo tem de ser o mais folhetinesco e "feijão-com-arroz" possível na tentativa de repetir, pelo menos em parte, o desempenho da primeira versão, exibida na Globo em 1976/77.
O diretor, Herval Rossano, continua o mesmo. A atriz Lucélia Santos, escrava até hoje do personagem-título da novela global, será agora substituída na Record por Bianca Rinaldi, "estrela" tomada da teledramaturgia do SBT.

Sobrevida
Com a manutenção do "Cidade Alerta" no ar, o mundo cão ganha sobrevida na televisão. Bandeirantes e Rede TV!, que também têm seus exemplares ("Brasil Urgente!" e "Repórter Cidadão", respectivamente), aguardavam o movimento da Record. Seus policiais já não contavam com muito prestígio interno e não tinham muita garantia de sobrevivência.
Mas enquanto o "Cidade Alerta", líder de audiência no segmento, não chegar ao fim, dificilmente as outras emissoras terão coragem suficiente para tirar do ar os programas concorrentes.


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