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LIVROS
Cautelosos, brasileiros vão às compras em Frankfurt
Feira tem negócios fechados com "certa apreensão", em meio à crise financeira
Editor da Companhia das Letras diz que evento "parece uma ilha'; já editora da Nova Fronteira acha que não há "grande livro"
EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Os editores brasileiros presentes na 60ª edição da Feira
Internacional do Livro de
Frankfurt, que termina amanhã, estão divididos quanto aos
reflexos da crise financeira nos
negócios. Para Luiz Schwarcz,
da Companhia das Letras, a feira "parece uma ilha", um mundo paralelo aparentemente não
atingido pela má onda da economia mundial.
"Há uma certa apreensão,
mas ela não chega a afetar os
negócios", afirma Schwarcz,
que até quinta-feira já havia fechado a compra dos direitos de
quatro títulos -três romances
e um livro de memórias- do escritor nigeriano Chinua Achebe, vencedor no ano passado da
edição internacional do Booker
Prize.
Schwarcz também firmou os
contratos de "The Mind's Eye"
(o olho da mente), de Oliver
Sacks, "The American Future",
do historiador britânico Simon
Schama, que deve sair antes de
sua vinda para 7ª Flip, em julho
de 2009. E de "Tower of Babel"
(torre de Babel), livro ainda em
projeto sobre a história da arquitetura no século 20, de autoria de Nicolai Ouroussoff, crítico de arquitetura do "The New
York Times".
Para Angel Bojadsen, da Estação Liberdade, o clima em
Frankfurt neste ano lembra o
de 2001. "O que me chama a
atenção é que as pessoas estão
impressionadas com a nossa
estabilidade no Brasil. Eu mesmo estou tranqüilo, não vou parar de comprar títulos", diz ele.
"O que tenho feito é jogado os
adiantamentos de pagamentos
para o momento da publicação
em vez de pagar no fechamento
do contrato."
Bojadsen também volta para
o Brasil com alguns títulos fechados, como "Syngué Sabour
- A Pedra da Paciência", livro do
escritor afegão Atiq Rahimi, finalista do Prêmio Goncourt
2008, na França. E ainda os títulos "Die Morawische Nacht"
(a noite da Morávia), do austríaco Peter Handke, e "Teil der
Lösung" (parte da solução), do
escritor alemão Ulrich Peltzer.
O diretor-editorial da Cosac
Naify, Cassiano Elek Machado,
confirmou também a compra
de mais um título do escritor
alemão Ingo Schulze, que esteve em julho no Brasil para a última edição da Flip. Além de
"Neue Leben" (vidas novas),
que a editora já havia comprado, a editora traz para seu catálogo o romance "Adam und
Evelyn" (Adam e Evelyn), que
concorreu este ano ao Deutscher Buchpreis, espécie de
Booker Prize alemão.
A Cosac Naify tem ainda dois
títulos no bolso: "Harmonia
Celeste", livro considerado
obra-prima do escritor húngaro Péter Esterházy. E "Forever
Young", livro infantil do cantor
e compositor Bob Dylan.
A editora também fechou
contrato com o MoMA (Museum of Modern Art), de Nova
York, para estrear a sua marca
em publicações em língua inglesa, com o catálogo da exposição de Mira Schendel e León
Ferrari, que acontece no museu em abril do ano que vem.
Cautela
A diretora-editorial da Nova
Fronteira, Izabel Aleixo, diz
que somente nas próximas
duas semanas deverá fechar os
negócios iniciados em Frankfurt. Para ela, a feira está "cautelosa" e, por isso, um dos reflexos é que os agentes literários
sequer estão tentando negociar
melhores ofertas por parte das
editoras.
"Antes mesmo de a feira ter
começado, as listas dos scouts
["olheiros" do mercado editorial] não apontavam para nenhum grande livro. Acho que
este ano o "big book" da feira
nem deve rolar."
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