São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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LIVROS

Cautelosos, brasileiros vão às compras em Frankfurt

Feira tem negócios fechados com "certa apreensão", em meio à crise financeira

Editor da Companhia das Letras diz que evento "parece uma ilha'; já editora da Nova Fronteira acha que não há "grande livro"


EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Os editores brasileiros presentes na 60ª edição da Feira Internacional do Livro de Frankfurt, que termina amanhã, estão divididos quanto aos reflexos da crise financeira nos negócios. Para Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, a feira "parece uma ilha", um mundo paralelo aparentemente não atingido pela má onda da economia mundial.
"Há uma certa apreensão, mas ela não chega a afetar os negócios", afirma Schwarcz, que até quinta-feira já havia fechado a compra dos direitos de quatro títulos -três romances e um livro de memórias- do escritor nigeriano Chinua Achebe, vencedor no ano passado da edição internacional do Booker Prize.
Schwarcz também firmou os contratos de "The Mind's Eye" (o olho da mente), de Oliver Sacks, "The American Future", do historiador britânico Simon Schama, que deve sair antes de sua vinda para 7ª Flip, em julho de 2009. E de "Tower of Babel" (torre de Babel), livro ainda em projeto sobre a história da arquitetura no século 20, de autoria de Nicolai Ouroussoff, crítico de arquitetura do "The New York Times".
Para Angel Bojadsen, da Estação Liberdade, o clima em Frankfurt neste ano lembra o de 2001. "O que me chama a atenção é que as pessoas estão impressionadas com a nossa estabilidade no Brasil. Eu mesmo estou tranqüilo, não vou parar de comprar títulos", diz ele. "O que tenho feito é jogado os adiantamentos de pagamentos para o momento da publicação em vez de pagar no fechamento do contrato."
Bojadsen também volta para o Brasil com alguns títulos fechados, como "Syngué Sabour - A Pedra da Paciência", livro do escritor afegão Atiq Rahimi, finalista do Prêmio Goncourt 2008, na França. E ainda os títulos "Die Morawische Nacht" (a noite da Morávia), do austríaco Peter Handke, e "Teil der Lösung" (parte da solução), do escritor alemão Ulrich Peltzer.
O diretor-editorial da Cosac Naify, Cassiano Elek Machado, confirmou também a compra de mais um título do escritor alemão Ingo Schulze, que esteve em julho no Brasil para a última edição da Flip. Além de "Neue Leben" (vidas novas), que a editora já havia comprado, a editora traz para seu catálogo o romance "Adam und Evelyn" (Adam e Evelyn), que concorreu este ano ao Deutscher Buchpreis, espécie de Booker Prize alemão.
A Cosac Naify tem ainda dois títulos no bolso: "Harmonia Celeste", livro considerado obra-prima do escritor húngaro Péter Esterházy. E "Forever Young", livro infantil do cantor e compositor Bob Dylan.
A editora também fechou contrato com o MoMA (Museum of Modern Art), de Nova York, para estrear a sua marca em publicações em língua inglesa, com o catálogo da exposição de Mira Schendel e León Ferrari, que acontece no museu em abril do ano que vem.

Cautela
A diretora-editorial da Nova Fronteira, Izabel Aleixo, diz que somente nas próximas duas semanas deverá fechar os negócios iniciados em Frankfurt. Para ela, a feira está "cautelosa" e, por isso, um dos reflexos é que os agentes literários sequer estão tentando negociar melhores ofertas por parte das editoras.
"Antes mesmo de a feira ter começado, as listas dos scouts ["olheiros" do mercado editorial] não apontavam para nenhum grande livro. Acho que este ano o "big book" da feira nem deve rolar."


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