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Aos 92, musa do Pink Floyd derrota os Beatles
Vera Lynn é a artista viva mais velha a ter o disco em 1º lugar no Reino Unido
Coletânea da cantora que animou tropas britânicas na 2ª Guerra vende mais que os remasterizados do quarteto e bate marca de Bob Dylan
MARIANNE PIEMONTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES
O racionamento de comida
acabara de terminar no Reino
Unido pós-guerra e, nos Estados Unidos, Elvis Presley começava a carreira. Era 1952 e
Vera Lynn, a namoradinha das
Forças Armadas britânicas, alcançava pela primeira vez o topo das paradas com o disco
"We'll Meet Again".
No último dia 15 de setembro, aos 92, Lynn fez história
novamente. Tornou-se a artista
viva mais velha a colocar um
disco na primeira posição do
ranking de vendas, tomando o
posto de Bob Dylan, que o fizera aos 67. "We'll Meet Again
-The Very Best of Vera Lynn",
com 24 músicas que ela cantava
para as tropas no front, bateu
os aclamados discos remasterizados dos Beatles e deixou para
trás o novo do Arctic Monkeys.
Ela é a cantora que inspirou o
Pink Floyd na faixa "Vera", de
"The Wall" (1979).
Com as comemorações dos
70 anos do início da Segunda
Guerra, as músicas da nonagenária voltaram a tocar. No entanto, ela não receberá por isso.
Como foram gravadas há mais
de 50 anos, ela não detém mais
os direitos das canções pelas
leis britânicas. Mas a gravadora
Decca, um braço da Universal
Music, anunciou que a gratificará. Outro presente que recebeu foi o título de Mulher do
Ano, no dia 12, em Londres.
Ela ficou feliz, mas sentiu estranheza porque a música não
faz mais parte de sua vida desde
a morte do marido, o clarinetista e seu empresário Harry Lewis, em 1990. "Tenho um gramofone em casa, mas nunca o
ligo. Nem no banho eu cantarolo", disse ao "Sunday Times".
Vera começou a cantar aos
sete anos em clubes para homens no leste de Londres. Aos
11, deixou a escola para excursionar com um show de variedades pela Grã-Bretanha. Em
1941, comandava o programa
"Sincerely Yours" na rádio da
BBC. Não foi surpresa que as
músicas empostadas, estilo diva do jazz, fossem escolhidas
para alegrar as tropas.
Vera voava nos aviões da Força Aérea Real e passava meses
acampada com as tropas britânicas em instalações idênticas
às dos soldados. O comediante
Harry Secombe, do programa
"Goon Show", o mais popular
no radio britânico da época,
disse ao "The Independent"
que "Churchill não havia abatido os nazistas, mas a voz de Vera os tinha encantado para a
morte". Atualmente, ela não
entende por que há soldados
britânicos no Afeganistão. "Na
Segunda Guerra, lutavam pelo
nosso país. Hoje, estão envolvidos em problemas de outros
países. Alguém pode me explicar?", disse ao "Sunday Times".
Hoje, as aventuras são duas
temporadas anuais na França
em busca de sol. No resto do
ano, vive na pacata Sussex. Cozinha, faz compras e retira sua
aposentadoria sozinha. Vera,
que foi considerada a Marlene
Dietrich britânica, diz que o segredo da saúde é a rotina. Acorda às 7h30, nunca pula uma refeição e não dorme maquiada.
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