São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS

Mostra desafia a percepção dos visitantes

"Sempre à Vista [Miragem]", em cartaz na galeria Mendes Wood, traz obras que se confundem com o espaço

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

O circuito de artes plásticas paulistano se encontra num momento superlativo. Há uma Bienal inflacionada com 159 artistas, a Paralela, com outros 59; mais a expansão de várias galerias, também com mostras coletivas generosas, como "Primeira e Última, Notas sobre o Monumento", em dois espaços de Luisa Strina.
Nesse contexto, "Sempre à Vista [Miragem]", mostra organizada pelo artista Rodrigo Matheus, na galeria Mendes Wood, cria de forma inteligente uma pausa silenciosa e necessária.
Com obras de 18 artistas, a exposição é quase invisível (ironia ao seu título), já que muitos trabalhos estão integrados ao espaço de tal forma que, em alguns casos, são mesmo difíceis de serem identificados.
É o caso de "Dez Mosquitos", de João Loureiro, imagens do inseto aplicadas diretamente à parede com carimbos: só se aproximando muito é possível vê-los. Ou então, no segundo andar, uma borboleta feita por folhas de árvores, de Nicolás Robbio, obra sem título, que desafia o visitante ao confundir representação e realidade, uma das temáticas centrais do artista argentino.
De certa maneira, "Sempre à Vista [Miragem]" lembra "This is Not a Void", que o curador Jens Hoffmann organizou na Luisa Strina, há dois anos. Lá também, era necessária uma percepção acurada para se localizar muitas obras, algumas históricas (Duchamp, Guy Debord...) e outras feitas para a mostra (Renata Lucas, Elmgreen & Dragset...).
Na Mendes Wood, isso se percebe também quando o artista/curador apresenta "Pulmão", de 1987, obra já clássica de Jac Leirner, construída por invólucros de celofane, desses que protegem maços de cigarro, próxima a pequenas intervenções de Fernanda Gomes, como encher um copo com água e deixar um espelho embaixo.
No entanto, enquanto a primeira se estruturou como um comentário irônico à chamada Bienal do Vazio, a atual se estrutura em torno do que representa a atitude artística e sua percepção. Aí, um trabalho exemplar é o móbile de Daniel Esteegmann, "Galho Partido", composto por um galho com suas ramificações cerradas ao meio. A ação, mínima nesse caso, como de resto em toda mostra, consegue impacto sem ser apelativa.

SEMPRE À VISTA [MIRAGEM]

ONDE galeria Mendes Wood (r. da Consolação, 3.368, tel. 0/xx/ 11/ 3081-1735)
QUANDO de ter. a sáb., das 11h às 19h. Até 30/10
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo


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