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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS
Mostra desafia a percepção dos visitantes
"Sempre à Vista [Miragem]", em cartaz na galeria Mendes Wood, traz obras que se confundem com o espaço
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
O circuito de artes plásticas paulistano se encontra
num momento superlativo.
Há uma Bienal inflacionada com 159 artistas, a Paralela, com outros 59; mais a expansão de várias galerias,
também com mostras coletivas generosas, como "Primeira e Última, Notas sobre o
Monumento", em dois espaços de Luisa Strina.
Nesse contexto, "Sempre à
Vista [Miragem]", mostra organizada pelo artista Rodrigo
Matheus, na galeria Mendes
Wood, cria de forma inteligente uma pausa silenciosa e
necessária.
Com obras de 18 artistas, a
exposição é quase invisível
(ironia ao seu título), já que
muitos trabalhos estão integrados ao espaço de tal forma que, em alguns casos, são
mesmo difíceis de serem
identificados.
É o caso de "Dez Mosquitos", de João Loureiro, imagens do inseto aplicadas diretamente à parede com carimbos: só se aproximando
muito é possível vê-los.
Ou então, no segundo andar, uma borboleta feita por
folhas de árvores, de Nicolás
Robbio, obra sem título, que
desafia o visitante ao confundir representação e realidade, uma das temáticas centrais do artista argentino.
De certa maneira, "Sempre
à Vista [Miragem]" lembra
"This is Not a Void", que o
curador Jens Hoffmann organizou na Luisa Strina, há dois
anos. Lá também, era necessária uma percepção acurada para se localizar muitas
obras, algumas históricas
(Duchamp, Guy Debord...) e
outras feitas para a mostra
(Renata Lucas, Elmgreen &
Dragset...).
Na Mendes Wood, isso se
percebe também quando o
artista/curador apresenta
"Pulmão", de 1987, obra já
clássica de Jac Leirner, construída por invólucros de celofane, desses que protegem
maços de cigarro, próxima a
pequenas intervenções de
Fernanda Gomes, como encher um copo com água e deixar um espelho embaixo.
No entanto, enquanto a
primeira se estruturou como
um comentário irônico à chamada Bienal do Vazio, a
atual se estrutura em torno
do que representa a atitude
artística e sua percepção. Aí,
um trabalho exemplar é o
móbile de Daniel Esteegmann, "Galho Partido", composto por um galho com suas
ramificações cerradas ao
meio. A ação, mínima nesse
caso, como de resto em toda
mostra, consegue impacto
sem ser apelativa.
SEMPRE À VISTA [MIRAGEM]
ONDE galeria Mendes Wood (r. da
Consolação, 3.368, tel. 0/xx/ 11/
3081-1735)
QUANDO de ter. a sáb., das 11h às
19h. Até 30/10
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo
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