IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO

Cigarros, café frio, água quente e toneladas de "salgadinho-porcaria". Com esse "kit de sobrevivência", cerca de 40 jovens acampavam ontem em frente à bilheteria do Pacaembu aguardando ingressos para o show de Paul McCartney em 21 de novembro no estádio do Morumbi.
"O que nos mantém vivos é o cigarro", brincam os amigos Tainara Mota de Moura, 16 (ela quer ouvir "Yesterday"), e José Roque Neto, 18 (ele, "Helter Skelter"), os primeiros da fila, acampados desde as 20h de sexta.
O casal reveza com outros dois amigos a hora de ir para casa tomar banho. Mas, à noite, os quatro se espremem em uma barraca para dois. "É para sofrer todo mundo junto. Mas também por causa de segurança", dizem.
Inicialmente programada para abrir às 9h de hoje, a venda foi antecipada para as 8h, mesmo horário que o do site Ingresso.com. Os bilhetes reservados pelo banco Bradesco para os clientes de seus cartões de crédito esgotaram no sábado. Não foi divulgado o número colocado à venda hoje.
Um segundo show foi anunciado pelo banco para o dia 22, mas a informação ainda não foi confirmada.
Maria Schneider, 19, não aquela do "Último Tango em Paris", tem um pedido singelo. "Faço aniversário no dia 20 de novembro. Será que ele toca "Birthday" para mim?"
Já Júlia Cury, 19 ("I've Just Seen a Face"), habita a quarta barraca da fila e parece não ter medo de nada. Sem amigas ou amigos que quisessem dividir a aventura com ela, saiu sozinha do Morumbi e veio para o Pacaembu anteontem para formar fila. Fez amizade com Francisco Porcel, 26 ("todas, todas!"), que lhe emprestou uma barraca sobressalente.
Uma barraca sobressalente? "Sabe o que é? A intenção era alugar, mas a gente chega, faz amizade com as pessoas e não tem coragem de cobrar, né?". Paul aprovaria.


Texto Anterior: Festival adere à onda das ONGs e do discurso politicamente correto
Próximo Texto: Belva Plain, autora de 20 best- sellers, morre aos 95 anos
Índice | Comunicar Erros