São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS
Alfons Hug, que assume em janeiro, chega hoje ao Brasil e estuda com Bratke nomes dos subcuradores
Curador da Bienal vem acertar sua equipe


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo curador da 25ª Bienal de São Paulo chega hoje ao Brasil. Depois de meses de crise, Alfons Hug vem em busca da paz no Ibirapuera, apesar de assumir o cargo formalmente só em janeiro.
Desconhecido no meio artístico paulista, o alemão Hug tem como primeira tarefa acertar o time de assistentes, já que os preferidos de Carlos Bratke, presidente da Fundação Bienal, ainda não aceitaram o cargo de subcuradores.
Um deles, Agnaldo Farias, já desistiu. As outras duas indicadas, Daniela Bousso e Maria Alice Milliet, segundo a Folha apurou, não parecem dispostas a aceitar. Bratke diz que tem outros nomes estrangeiros para indicar e espera a chegada de Hug para divulgá-los.
Hug assume a curadoria da bienal paulista por indicação de Nelson Aguilar, ex-curador e atual braço direito artístico de Edemar Cid Ferreira, da Associação Brasil + 500. Graças ao projeto "Iconografias Metropolitanas", escrito por Hug e entregue a Bratke por Aguilar, o alemão conquistou o posto.
No projeto, Hug vincula a história da arte no século 20 às grandes metrópoles e, por isso, irá organizar a 25ª Bienal em torno de 11 cidades: São Paulo, Nova York, Caracas, Johannesburgo, Londres, Berlim, Moscou, Istambul, Pequim, Tóquio e Sydney.
Hug deu a seguinte entrevista à Folha, por e-mail, de Moscou, onde dirige o Instituto Goethe:

Folha - A Bienal passou por uma grande crise este ano, o sr. acha que enfrentará problemas no exterior por causa disso?
Alfons Hug -
Quase todas as bienais passam por momentos difíceis de vez em quando. Foi o caso de Veneza, Havana e, ultimamente, de Johannesburgo. A Bienal de São Paulo tem grande prestígio no exterior. Independente disso, precisa de mais publicidade na Europa, o que pretendemos fazer.

Folha - Uma das críticas à Bienal de SP são as chamadas salas especiais, que apresentam artistas consagrados para atrair público, mas tornam-se muito caras. O sr. pretende manter esses espaços ou dará ênfase à arte contemporânea?
Hug -
Acho que podemos diminuir o número das salas especiais, tentando incorporá-las para que caibam no projeto. Mas é um assunto que tem que ser resolvido com Bratke e a diretoria.

Folha - Com que frequência o sr. vem ao Brasil?
Hug -
Trabalhei em Brasília de 90 a 94, como diretor do Instituto Goethe. Visitei todas as bienais nos últimos dez anos.

Folha - Que artistas brasileiros o sr. mais admira?
Hug -
Tunga, Cildo Meireles, Ernesto Neto, Beatriz Milhazes, Fernanda Gomes, Miguel Rio Branco, Rosângela Rennó, Rochelle Costi, Leonilson, Adriana Varejão, Daniel Senise, Valeska Soares e outros. Considero o Brasil um dos países mais ricos em artes plásticas no momento.

Folha - Quais desses o sr. acha que se encaixam em seu projeto?
Hug -
Não posso dizer ainda.

Folha - Quais pretende convidar?
Hug -
Seria prematuro dizer.

Folha - Como será seu trabalho com os curadores assistentes? Agnaldo Farias desistiu. O sr. pretende convidar outros?
Hug -
Vamos ter de estudar isso com calma.

Folha - O sr. quer criar vínculo especial com artistas de seu país?
Hug -
No contexto do projeto, Berlim e seus artistas têm seu lugar. Não sou nacionalista, mas a qualidade da arte alemã existe tanto em nível de artistas consagrados como emergentes.


Texto Anterior: Da Rua - Fernando Bonassi: Mitologia
Próximo Texto: "Desconhecido" é visto com reservas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.