São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2000

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EVENTO
Conclusão foi de discussão entre profissionais da área sobre a sétima arte contemporânea durante a Mostra de SP
Tecnologia digital cria um novo cinema

DA REPORTAGEM LOCAL

O filme "Time Code", do diretor britânico Mike Figgis, em que a tela é dividida em quatro planos para contar as histórias de seus personagens simultaneamente, é apenas um exemplo do que pode ser feito em cinema digital.
Essa é a conclusão do encontro sobre cinema contemporâneo, realizado pela Folha, a 24ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e a Sala UOL de Cinema, no dia último dia 26.
Para a cineasta brasileira Tata Amaral (diretora de "Um Céu de Estrelas" e "Através da Janela"), o filme propõe uma nova relação com o espectador. "O fato de a tela ser dividida e haver relação entre uma coisa e outra me intrigou, porque, na época dos primeiros festivais Vídeo Brasil, houve vários vídeos que usavam esse recurso. Mas isso foi praticamente esquecido no audiovisual."
Na opinião dela, o filme é bem conduzido. "O espaço fica subvertido, porque o uso que Figgis faz do espaço não é nem um pouco clássico. A ruptura do espaço não acontece só por causa da divisão de tela, mas pela maneira como ele revela os espaços e as relações de simultaneidade."
Segundo Jerry Carlson, professor de cinema e TV da City University de Nova York, o cinema independente penetra em áreas psicológicas das quais, na maioria das vezes, o cinema comercial procura escapar e também consegue ter uma visão social e política mais engajada. "O cinema independente não é experimentalista pelo experimentalismo."
O roteirista Syd Field afirmou que o texto é o alicerce de qualquer filme e que o cinema digital é uma linguagem universal. Para ele, "Time Code" é um passo exemplar. "Podemos ver o filme de vários pontos de vista, e acho que ele é o início de uma linguagem que vai permitir a uma nova geração produzir filmes no computador."
Mas ressaltou que, apesar da tecnologia à disposição, a história, os personagens, a situação, o ritmo e as imagens ainda são os ingredientes para um bom filme.
Richard Guay, produtor independente norte-americano, afirmou estar entusiasmado com a tecnologia digital, principalmente em termos de custo. "Os filmes são mais baratos, e isso vai facilitar o acesso das pessoas ao cinema", disse.
O mediador do encontro foi Leon Cakoff, diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e membro da equipe de articulistas da Folha.


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