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EVENTO
Conclusão foi de discussão entre profissionais da área sobre a sétima arte contemporânea durante a Mostra de SP
Tecnologia digital cria um novo cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
O filme "Time Code", do diretor britânico Mike Figgis, em que
a tela é dividida em quatro planos
para contar as histórias de seus
personagens simultaneamente, é
apenas um exemplo do que pode
ser feito em cinema digital.
Essa é a conclusão do encontro
sobre cinema contemporâneo,
realizado pela Folha, a 24ª Mostra
Internacional de Cinema de São
Paulo e a Sala UOL de Cinema, no
dia último dia 26.
Para a cineasta brasileira Tata
Amaral (diretora de "Um Céu de
Estrelas" e "Através da Janela"), o
filme propõe uma nova relação
com o espectador. "O fato de a tela ser dividida e haver relação entre uma coisa e outra me intrigou,
porque, na época dos primeiros
festivais Vídeo Brasil, houve vários vídeos que usavam esse recurso. Mas isso foi praticamente
esquecido no audiovisual."
Na opinião dela, o filme é bem
conduzido. "O espaço fica subvertido, porque o uso que Figgis
faz do espaço não é nem um pouco clássico. A ruptura do espaço
não acontece só por causa da divisão de tela, mas pela maneira como ele revela os espaços e as relações de simultaneidade."
Segundo Jerry Carlson, professor de cinema e TV da City University de Nova York, o cinema
independente penetra em áreas
psicológicas das quais, na maioria
das vezes, o cinema comercial
procura escapar e também consegue ter uma visão social e política
mais engajada. "O cinema independente não é experimentalista
pelo experimentalismo."
O roteirista Syd Field afirmou
que o texto é o alicerce de qualquer filme e que o cinema digital é
uma linguagem universal. Para
ele, "Time Code" é um passo
exemplar. "Podemos ver o filme
de vários pontos de vista, e acho
que ele é o início de uma linguagem que vai permitir a uma nova
geração produzir filmes no computador."
Mas ressaltou que, apesar da
tecnologia à disposição, a história,
os personagens, a situação, o ritmo e as imagens ainda são os ingredientes para um bom filme.
Richard Guay, produtor independente norte-americano, afirmou estar entusiasmado com a
tecnologia digital, principalmente
em termos de custo. "Os filmes
são mais baratos, e isso vai facilitar o acesso das pessoas ao cinema", disse.
O mediador do encontro foi
Leon Cakoff, diretor da Mostra
Internacional de Cinema de São
Paulo e membro da equipe de articulistas da Folha.
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