São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS
Representação nacional em Cuba é composta por 15 artistas contemporâneos e obras de Hélio Oiticica
Brasileiros invadem Bienal de Havana

DA REPORTAGEM LOCAL

É de fato uma invasão. Dos 160 artistas convidados para a sétima edição da Bienal de Artes Plásticas de Havana, 10% são brasileiros. O mérito é ainda maior porque a seleção é feita pelo curador da bienal, Nelson Herrera Ysla, que além de levar 15 artistas contemporâneos nacionais, dedica uma retrospectiva especial a Hélio Oiticica (1937-1980). O outro homenageado é o haitiano Jean-Michel Basquiat, que se tornou conhecido em Nova York.
A bienal foi inaugurada ontem e vai até 5 de janeiro de 2001. É na seção "Além do Espaço" que será dedicada uma sala especial a Oiticica, como homenagem aos 500 anos do Brasil.
Como sugere o nome "Além do Espaço", as obras extrapolam o espaço da sala para avançar em direção à rua, fazendo com que a obra de arte seja vista e incorporada pelos passantes.
Para isso, pela primeira vez os parangolés idealizados pelo artista estarão sendo utilizados em tempo integral em uma exposição por cubanos contratados pelo Centro Hélio Oiticica. Haverá até mesmo uma oficina para mostrar como dançar e evoluir com o parangolé. Pensador, inventor, dono de grande ousadia e inventividade, Oiticica é um dos principais nomes do movimento neoconcreto.
Quem viabilizou a massiva presença de brasileiros (veja lista no quadro ao lado) em Havana foi o Memorial da América Latina. Foi o próprio curador da bienal que buscou Lulu Librandi, assessora para assuntos latino-americanos da presidência da instituição, quando participava de um encontro de produtores culturais em Valência (Espanha) para lhe pedir apoio.
O Memorial providenciou não apenas o transporte das obras, mas até mesmo o material que alguns artistas utilizaram na ilha, como as tintas que Monica Nador precisou para realizar sua instalação, pintar algumas casas antigas no centro de Havana.
Outro artista que irá realizar uma intervenção na capital cubana é Ricardo Ribenboim. Ele irá espalhar 600 infláveis transparentes que irão ocupar todo o espaço de uma sala de 350 m2. Os infláveis vão se movimentar quando um visitante entrar na sala.
A bienal é concebida por seus promotores como o "momento culminante dos festejos de aniversário de 481 anos de fundação de Havana".
Segundo Ysla, o curador, a bienal "busca não ser uma representação banal e mimética das vanguardas artísticas do Primeiro Mundo, mas expressões que também têm lugar na periferia para mostrar as identidades artísticas do Terceiro Mundo e das minorias nos EUA e Europa".
Nesta perspectiva, o tema da bienal é "aproximar mais um do outro", segundo Ysla, "uma tentativa de buscar que o avanço da cibernética não anule o contato direto entre as pessoas".
A Bienal de Havana é considerada a mostra mais importante da América Latina, após a Bienal de São Paulo.
Além da presença na bienal, brasileiros irão ocupar também os cinemas cubanos. Uma mostra de cinco filmes, programada para ser aberta amanhã, faz uma retrospectiva com algumas das recentes criações nacionais. A mostra é organizada pelo Memorial da América Latina e irá apresentar "Boleiros", de Ugo Georgetti, "Dois Córregos", de Carlos Reichenbach, "Fé", de Ricardo Dias, "Kenoma", de Eliane Caffé, e "Policarpo Quaresma", de Paulo Thiago. (FABIO CYPRIANO)



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