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ARTES PLÁSTICAS
Representação nacional em Cuba é composta por 15 artistas contemporâneos e obras de Hélio Oiticica
Brasileiros invadem Bienal de Havana
DA REPORTAGEM LOCAL
É de fato uma invasão. Dos 160
artistas convidados para a sétima
edição da Bienal de Artes Plásticas
de Havana, 10% são brasileiros. O
mérito é ainda maior porque a seleção é feita pelo curador da bienal, Nelson Herrera Ysla, que
além de levar 15 artistas contemporâneos nacionais, dedica uma
retrospectiva especial a Hélio Oiticica (1937-1980). O outro homenageado é o haitiano Jean-Michel
Basquiat, que se tornou conhecido em Nova York.
A bienal foi inaugurada ontem e
vai até 5 de janeiro de 2001. É na
seção "Além do Espaço" que será
dedicada uma sala especial a Oiticica, como homenagem aos 500
anos do Brasil.
Como sugere o nome "Além do
Espaço", as obras extrapolam o
espaço da sala para avançar em
direção à rua, fazendo com que a
obra de arte seja vista e incorporada pelos passantes.
Para isso, pela primeira vez os
parangolés idealizados pelo artista estarão sendo utilizados em
tempo integral em uma exposição
por cubanos contratados pelo
Centro Hélio Oiticica. Haverá até
mesmo uma oficina para mostrar
como dançar e evoluir com o parangolé. Pensador, inventor, dono de grande ousadia e inventividade, Oiticica é um dos principais
nomes do movimento neoconcreto.
Quem viabilizou a massiva presença de brasileiros (veja lista no
quadro ao lado) em Havana foi o
Memorial da América Latina. Foi
o próprio curador da bienal que
buscou Lulu Librandi, assessora
para assuntos latino-americanos
da presidência da instituição,
quando participava de um encontro de produtores culturais em
Valência (Espanha) para lhe pedir
apoio.
O Memorial providenciou não
apenas o transporte das obras,
mas até mesmo o material que alguns artistas utilizaram na ilha,
como as tintas que Monica Nador
precisou para realizar sua instalação, pintar algumas casas antigas
no centro de Havana.
Outro artista que irá realizar
uma intervenção na capital cubana é Ricardo Ribenboim. Ele irá
espalhar 600 infláveis transparentes que irão ocupar todo o espaço
de uma sala de 350 m2. Os infláveis vão se movimentar quando
um visitante entrar na sala.
A bienal é concebida por seus
promotores como o "momento
culminante dos festejos de aniversário de 481 anos de fundação de
Havana".
Segundo Ysla, o curador, a bienal "busca não ser uma representação banal e mimética das vanguardas artísticas do Primeiro
Mundo, mas expressões que também têm lugar na periferia para
mostrar as identidades artísticas
do Terceiro Mundo e das minorias nos EUA e Europa".
Nesta perspectiva, o tema da
bienal é "aproximar mais um do
outro", segundo Ysla, "uma tentativa de buscar que o avanço da
cibernética não anule o contato
direto entre as pessoas".
A Bienal de Havana é considerada a mostra mais importante da
América Latina, após a Bienal de
São Paulo.
Além da presença na bienal,
brasileiros irão ocupar também
os cinemas cubanos. Uma mostra
de cinco filmes, programada para
ser aberta amanhã, faz uma retrospectiva com algumas das recentes criações nacionais. A mostra é organizada pelo Memorial
da América Latina e irá apresentar "Boleiros", de Ugo Georgetti,
"Dois Córregos", de Carlos Reichenbach, "Fé", de Ricardo Dias,
"Kenoma", de Eliane Caffé, e "Policarpo Quaresma", de Paulo
Thiago.
(FABIO CYPRIANO)
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