São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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CIÊNCIA

Retrospectiva sobre a vida e a obra do primeiro cientista pop, no Museu de História Natural, tem caráter didático

Einstein ganha megaexposição em NY

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O papel já amarelado, datado de 1912, está protegido por vidros e traz uma versão escrita à mão pelo autor da equação mas famosa do mundo, citada por cientistas, professores, roqueiros e meninos querendo impressionar meninas: E = mc2, em que E é igual a energia, m é a massa e c, a velocidade da luz no vácuo.
Num painel ao lado, a história. Em 1905, na cidade de Berna, capital da Suíça, um funcionário de um escritório de patentes publicou dois artigos que tratavam do que ele batizou de Teoria Especial da Relatividade. O primeiro, concluído em junho, falava das propriedades da luz e do tempo.
O segundo veio três meses depois, um adendo na verdade, em que descrevia "uma conclusão muito interessante" sobre energia. Segundo aquele judeu alemão de 26 anos, "massa e energia são formas diferentes da mesma coisa". Daí a equação. Como toda grande descoberta, também esta nasceu em silêncio e levou anos para ter algum repercussão.
Mas estava registrado ali para sempre o gênio de Albert Einstein (1879-1955), que acaba de ganhar a maior exposição a seu respeito, aberta na última sexta-feira no Museu de História Natural de Nova York. "Einstein" reúne objetos pessoais, textos, fotografias livros e quase tudo na verdade que existe sobre um dos mais importantes cientistas da história.
A mostra, bancada em parte pela Universidade Hebraica de Jerusalém, que Einstein ajudou a fundar e que é a herdeira da maior parte de seus objetos, é o pontapé inicial para a comemoração dos cem anos da Teoria da Relatividade. Fica em cartaz em Nova York até o meio de 2003, então viaja pelos EUA nos meses seguintes até chegar a Israel em 2005.
A iniciativa do Museu de História Natural, que é frequentado principalmente por crianças acompanhadas dos pais e adolescentes levados pela escola, foi motivada pela percepção de que as novas gerações cada vez mais ignoram quem foi Einstein. "Todos devem conhecer esse ícone que mudou para sempre nossa visão do universo", disse Ellen Futter, presidente do museu.
Não é por outro motivo que a mostra foi montada privilegiando o didatismo. Esse aspecto é ressaltado na divisão em dez partes: A Revolução de Einstein; Vida e Época; Luz; Tempo; Energias; Gravidade; Paz e Guerra; Cidadão Global; Legado; e Laboratório do Aprendizado.
Da parte pessoal fica-se sabendo que ele casou duas vezes, a segunda com uma prima (para a primeira deu no divórcio o total que ganhou com seu Prêmio Nobel, de 1921, US$ 32 mil na época), teve uma série de amantes, uma filha fora do casamento e um dossiê de 1.427 páginas no FBI, a polícia federal norte-americana.
Na verdade, depois de deixar a Alemanha nazista e se instalar de vez como professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, Einstein virou uma das obsessões do então todo-poderoso diretor do FBI, J. Edgar Hoover, por seu conhecimento estratégico, sua independência e sua posterior militância pacifista.
A conclusão a que se chega vencidas as salas e painéis é que Albert Einstein foi o primeiro cientista pop da história.
Antes dele, era inconcebível que um físico fosse seguido por papparazzi, ganhasse a capa da revista "Time", virasse quadro de Andy Warhol (1928-1987) ou acabasse como verbete de dicionários (sinônimo de "inteligente", "genial").
Outros cientistas pop vieram depois dele -Carl Sagan (1934-1996), Stephen Jay Gould (1941-2002), Stephen Hawking, por exemplo-, mas nenhum chegaria aos pés de seu legado.


EINSTEIN. Onde: Museu de História Natural, esquina da Central Park West com rua 79, Nova York (NY), tel. 00/xx/1/ 212/313-7278. Quando: diariamente, das 10h às 17h45, até 10 de agosto de 2003. Quanto: US$ 17 (adultos) e US$ 10 (crianças). Site: www.amnh.org.

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