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CIÊNCIA
Retrospectiva sobre a vida e a obra do primeiro cientista pop, no Museu de História Natural, tem caráter didático
Einstein ganha megaexposição em NY
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O papel já amarelado, datado de
1912, está protegido por vidros e
traz uma versão escrita à mão pelo autor da equação mas famosa
do mundo, citada por cientistas,
professores, roqueiros e meninos
querendo impressionar meninas:
E = mc2, em que E é igual a energia, m é a massa e c, a velocidade
da luz no vácuo.
Num painel ao lado, a história.
Em 1905, na cidade de Berna, capital da Suíça, um funcionário de
um escritório de patentes publicou dois artigos que tratavam do
que ele batizou de Teoria Especial
da Relatividade. O primeiro, concluído em junho, falava das propriedades da luz e do tempo.
O segundo veio três meses depois, um adendo na verdade, em
que descrevia "uma conclusão
muito interessante" sobre energia. Segundo aquele judeu alemão
de 26 anos, "massa e energia são
formas diferentes da mesma coisa". Daí a equação. Como toda
grande descoberta, também esta
nasceu em silêncio e levou anos
para ter algum repercussão.
Mas estava registrado ali para
sempre o gênio de Albert Einstein
(1879-1955), que acaba de ganhar
a maior exposição a seu respeito,
aberta na última sexta-feira no
Museu de História Natural de Nova York. "Einstein" reúne objetos
pessoais, textos, fotografias livros
e quase tudo na verdade que existe sobre um dos mais importantes
cientistas da história.
A mostra, bancada em parte pela Universidade Hebraica de Jerusalém, que Einstein ajudou a fundar e que é a herdeira da maior
parte de seus objetos, é o pontapé
inicial para a comemoração dos
cem anos da Teoria da Relatividade. Fica em cartaz em Nova York
até o meio de 2003, então viaja pelos EUA nos meses seguintes até
chegar a Israel em 2005.
A iniciativa do Museu de História Natural, que é frequentado
principalmente por crianças
acompanhadas dos pais e adolescentes levados pela escola, foi motivada pela percepção de que as
novas gerações cada vez mais ignoram quem foi Einstein. "Todos
devem conhecer esse ícone que
mudou para sempre nossa visão
do universo", disse Ellen Futter,
presidente do museu.
Não é por outro motivo que a
mostra foi montada privilegiando
o didatismo. Esse aspecto é ressaltado na divisão em dez partes: A
Revolução de Einstein; Vida e
Época; Luz; Tempo; Energias;
Gravidade; Paz e Guerra; Cidadão
Global; Legado; e Laboratório do
Aprendizado.
Da parte pessoal fica-se sabendo que ele casou duas vezes, a segunda com uma prima (para a
primeira deu no divórcio o total
que ganhou com seu Prêmio Nobel, de 1921, US$ 32 mil na época),
teve uma série de amantes, uma
filha fora do casamento e um dossiê de 1.427 páginas no FBI, a polícia federal norte-americana.
Na verdade, depois de deixar a
Alemanha nazista e se instalar de
vez como professor do Instituto
de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, Einstein virou uma das obsessões do então todo-poderoso diretor do FBI, J. Edgar Hoover, por
seu conhecimento estratégico,
sua independência e sua posterior
militância pacifista.
A conclusão a que se chega vencidas as salas e painéis é que Albert Einstein foi o primeiro cientista pop da história.
Antes dele, era inconcebível que
um físico fosse seguido por papparazzi, ganhasse a capa da revista "Time", virasse quadro de
Andy Warhol (1928-1987) ou acabasse como verbete de dicionários (sinônimo de "inteligente",
"genial").
Outros cientistas pop vieram
depois dele -Carl Sagan (1934-1996), Stephen Jay Gould (1941-2002), Stephen Hawking, por
exemplo-, mas nenhum chegaria aos pés de seu legado.
EINSTEIN. Onde: Museu de História
Natural, esquina da Central Park West
com rua 79, Nova York (NY), tel. 00/xx/1/
212/313-7278. Quando: diariamente,
das 10h às 17h45, até 10 de agosto de
2003. Quanto: US$ 17 (adultos) e US$ 10
(crianças). Site: www.amnh.org.
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