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MÚSICA
"Poemas e Canções" (1979) e "A Terra É Naturá" (1981), LPs do compositor morto neste ano, ganham novo formato
Raridades de Patativa do Assaré são lançadas em CD
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Raridades absolutas da discografia nacional, os LPs que o poeta popular e compositor Patativa
do Assaré (1909-2002) gravou pela antiga CBS (hoje Sony Music)
acabam de ser lançados em formato de CD em Fortaleza.
O lançamento é uma parceria
da FDR (Fundação Demócrito
Rocha) com a Fundação Raimundo Fagner, cantor e compositor
que produziu os LPs "Poemas e
Canções", de 1979, e "A Terra É
Naturá", gravado em 1981.
Os CDs estão sendo vendidos
apenas no Ceará, onde funcionam as fundações.
"Poemas e Canções" foi a estréia
de Antônio Gonçalves da Silva,
mais conhecido como Patativa do
Assaré, no meio fonográfico.
Até então, ele tivera gravadas as
canções "Triste Partida", em 1964,
por Luiz Gonzaga, e "Sina" (parceria com Fagner e Ricardo Bezerra), em 1973, por Fagner.
No disco, gravado ao vivo em
recital no teatro José de Alencar
(Fortaleza), Patativa, aos 70 anos,
interpreta dez poemas extraídos
de seus dois primeiros livros,
"Inspiração Nordestina" (1956) e
"Cante lá que Eu Canto cá"
(1978).
O LP seguinte teve a participação de Nonato Luiz (violão), Manassés (violão e viola de dez cordas), Cego Oliveira (rabeca) e
Fagner, que toca violão e divide
com Patativa a interpretação de
"Vaca Estrela e Boi Fubá".
Em "A Terra É Naturá", Nonato, Manassés e Fagner compuseram temas que embalam os versos do poeta.
"Foram discos superpremiados
à época. E o curioso é que Patativa
não tinha muita dimensão disso.
Ele não tinha ambição de nada.
Passava ao largo dessas coisas todas. Era uma entidade", lembra
Fagner.
A negociação para conseguir da
Sony Music a liberação dos LPs de
Patativa se desenrolou nos últimos dois anos. Fagner conseguiu,
então, as matrizes, repassando-as
para a FDR, que tem o selo discográfico DRMusic.
Fagner obteve também da Sony
as matrizes de LPs lançados na
década de 70 e no início da de 80.
Ele era, então, diretor artístico do
selo Epic, que lançou os primeiros
discos de, entre outros, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Robertinho
de Recife.
Os discos recuperados por Fagner -como os dos cearenses Manassés, Nonato Luiz, Teti, Ricardo
Bezerra e Cirino- deverão ser relançados em janeiro, quando está
prevista a inauguração da sede da
fundação do cantor em Fortaleza.
Ao voltar à Sony, no fim da década passada, Fagner apresentou
a proposta de obter os originais,
pois não havia o interesse da gravadora de relançar os trabalhos
que, mesmo de qualidade, seriam
pouco rentáveis.
"Comecei a lutar por esses discos por causa do Patativa. Hoje,
tenho as matrizes de cerca de 40
discos, que vou dar para os artistas fazerem o que quiser com
elas", diz Fagner.
"Poemas e Canções" e "A Terra
É Naturá" podem ser comprados,
por R$ 10 cada um, pelo site da
FDR (www.fdr.com.br).
Os sites da Fundação Raimundo Fagner (www.frfagner.
com.br) e do cantor (www.rai
mundofagner.com.br) também
trarão informações sobre os CDs.
O lançamento tem, também, o
significado de uma homenagem.
Patativa morreu, de falência múltipla dos órgãos, no dia 8 de julho
deste ano.
"É uma forma de celebrar a memória de um artista tão importante. Os CDs são muito mais voltados para pesquisadores do que
para o comércio, tanto que não temos ainda um trabalho específico
de divulgação", disse Elizabeth
Reis, gerente de vendas da FDR.
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