São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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MÚSICA

"Poemas e Canções" (1979) e "A Terra É Naturá" (1981), LPs do compositor morto neste ano, ganham novo formato

Raridades de Patativa do Assaré são lançadas em CD

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Raridades absolutas da discografia nacional, os LPs que o poeta popular e compositor Patativa do Assaré (1909-2002) gravou pela antiga CBS (hoje Sony Music) acabam de ser lançados em formato de CD em Fortaleza.
O lançamento é uma parceria da FDR (Fundação Demócrito Rocha) com a Fundação Raimundo Fagner, cantor e compositor que produziu os LPs "Poemas e Canções", de 1979, e "A Terra É Naturá", gravado em 1981.
Os CDs estão sendo vendidos apenas no Ceará, onde funcionam as fundações.
"Poemas e Canções" foi a estréia de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, no meio fonográfico.
Até então, ele tivera gravadas as canções "Triste Partida", em 1964, por Luiz Gonzaga, e "Sina" (parceria com Fagner e Ricardo Bezerra), em 1973, por Fagner.
No disco, gravado ao vivo em recital no teatro José de Alencar (Fortaleza), Patativa, aos 70 anos, interpreta dez poemas extraídos de seus dois primeiros livros, "Inspiração Nordestina" (1956) e "Cante lá que Eu Canto cá" (1978).
O LP seguinte teve a participação de Nonato Luiz (violão), Manassés (violão e viola de dez cordas), Cego Oliveira (rabeca) e Fagner, que toca violão e divide com Patativa a interpretação de "Vaca Estrela e Boi Fubá".
Em "A Terra É Naturá", Nonato, Manassés e Fagner compuseram temas que embalam os versos do poeta.
"Foram discos superpremiados à época. E o curioso é que Patativa não tinha muita dimensão disso. Ele não tinha ambição de nada. Passava ao largo dessas coisas todas. Era uma entidade", lembra Fagner.
A negociação para conseguir da Sony Music a liberação dos LPs de Patativa se desenrolou nos últimos dois anos. Fagner conseguiu, então, as matrizes, repassando-as para a FDR, que tem o selo discográfico DRMusic.
Fagner obteve também da Sony as matrizes de LPs lançados na década de 70 e no início da de 80. Ele era, então, diretor artístico do selo Epic, que lançou os primeiros discos de, entre outros, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Robertinho de Recife.
Os discos recuperados por Fagner -como os dos cearenses Manassés, Nonato Luiz, Teti, Ricardo Bezerra e Cirino- deverão ser relançados em janeiro, quando está prevista a inauguração da sede da fundação do cantor em Fortaleza.
Ao voltar à Sony, no fim da década passada, Fagner apresentou a proposta de obter os originais, pois não havia o interesse da gravadora de relançar os trabalhos que, mesmo de qualidade, seriam pouco rentáveis.
"Comecei a lutar por esses discos por causa do Patativa. Hoje, tenho as matrizes de cerca de 40 discos, que vou dar para os artistas fazerem o que quiser com elas", diz Fagner.
"Poemas e Canções" e "A Terra É Naturá" podem ser comprados, por R$ 10 cada um, pelo site da FDR (www.fdr.com.br).
Os sites da Fundação Raimundo Fagner (www.frfagner. com.br) e do cantor (www.rai mundofagner.com.br) também trarão informações sobre os CDs.
O lançamento tem, também, o significado de uma homenagem. Patativa morreu, de falência múltipla dos órgãos, no dia 8 de julho deste ano.
"É uma forma de celebrar a memória de um artista tão importante. Os CDs são muito mais voltados para pesquisadores do que para o comércio, tanto que não temos ainda um trabalho específico de divulgação", disse Elizabeth Reis, gerente de vendas da FDR.


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