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CINEMA
Mostra retrata produção no regime militar
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Há alguma herança positiva do
regime militar na cinematografia
brasileira? Qual é a relação dele
com o antigo estigma "filme brasileiro é ruim"? A mostra "Cinema de Repressão", que começa
hoje no Canal Brasil, traz uma série de filmes que retratam o período e um "Em Foco" especial.
O programa, que é exibido hoje
às 20h, traz depoimentos de cineastas como Carlos Diegues, Roberto Farias, Sylvio Back e a pesquisadora Leonor Souza Pinto,
que falam sobre as dificuldades (e
quase eliminação) da criação de
um projeto de cinema brasileiro
no período que vai de 1964 a 1988.
"A ditadura frustrou os artistas
da minha geração e liquidou a geração seguinte", resume Carlos
Diegues no especial.
Seu filme "Quando o Carnaval
Chegar" (1972), por exemplo, demorou para ser liberado pela censura porque trazia nomes como
Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethânia no elenco. "Os censores sabiam que eles tinham uma
postura contrária à ditadura."
Diegues aponta o período como
responsável pela criação de uma
nova forma de expressão. "Ou íamos presos ou íamos para o exterior ou usávamos metáforas.
Transformamos a opressão em
uma forma de linguagem."
É a partir desse momento que o
cinema nacional muda de rota e
adota linguagens mais rebuscadas. "Macunaíma" (69) é exemplar dessa estética. "Até que ponto isso afastou o público do cinema?", questiona Sylvio Back.
O cinema engajado (e perseguido) dos anos da censura perdia
espaço para pornochanchadas e a
invasão dos filmes americanos.
O cineasta Roberto Faria relembra a mobilização da mídia, na
época, causada pelo seu filme
"Pra Frente Brasil" (1983), exibido
hoje no canal após o especial.
"Senti na pele o que é fazer um filme contra a ditadura em plena ditadura", diz. A produção foi, então, colocada na "geladeira". Faria
conta que, liberado, "Pra Frente
Brasil" teve cerca de 1 milhão de
espectadores. "Era uma vontade
de respirar fundo." No ciclo ainda
estão "O Desafio", "Terra em
Transe", "O País dos Tenentes",
"Alma Corsária", "Lamarca" e "O
que É Isso Companheiro?".
EM FOCO: CINEMA DE REPRESSÃO
Quando: hoje, às 20h no Canal Brasil.
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