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Crítica
"Lutador" exige humanidade de Bronson
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para o bem e para o mal, a imagem de Charles Bronson sempre evocou um mundo de infinita crueldade, onde um homem precisa ser duro para sobreviver. Seu rosto já traz estampadas as cicatrizes das infâmias por que é preciso passar para chegar até onde se chega.
Tenho a impressão de que Bronson não precisou se esforçar para desenvolver esse tipo de evocação. Isso lhe era próprio. Nunca precisou ser um ator realmente bom para se comunicar com o público popular, esse que melhor compreende as durezas da vida.
Nem "Cidade Violenta" (Sergio Sollima) nem "Era uma Vez no Oeste" (Sergio Leone), para ficar com dois dos filmes mais significativos de que participou, exigiram dele muito mais do que seu tipo podia dar.
"Lutador de Rua" (TCM, 21h25), ao contrário, exigiu dele um tanto de, aceitemos a palavra, humanidade. Não sei se este filme é a matriz de mil outros, de artes marciais sobretudo, em que lutas ilegais servem para explorar a força física de rapazes em dificuldades.
O nosso lutador de rua está na Depressão dos anos 30. Precisa sobreviver e, para tanto, topa fazer as lutas de rua, com o manager James Coburn a lhe orientar. O manager é, ele próprio, um desorientado. É um mundo de brumas do qual resulta um belo filme -com o qual estreou Walter Hill.
Ainda hoje, "Asas do Desejo" (TC Cult, 22h), um belo sobressalto (o último, talvez) de Wim Wenders nos anos 80.
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