São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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"Peça aponta para outra margem"

DA REPORTAGEM LOCAL

Após três anos de processo, que incluiu uma expedição por Brasília e Acre, além de residência na zona norte de São Paulo, o Teatro da Vertigem conclui hoje os ensaios abertos de "BR3".
O diretor Antônio Araújo diz que o grupo tentou, em vão, se esquivar do tema do sagrado, dominante na chamada trilogia bíblica composta pelas peças "O Paraíso Perdido" (1992), "O Livro de Jó" (1995) e "Apocalipse 1,11" (2000).
A previsão de estréia é 10 de fevereiro. Desde o início, a produção coordenada por Walter Gentil depara-se com falta de recursos. A logística no rio é mais complexa que a dos espetáculos encenados em cadeias, hospitais ou igrejas.
A seguir, trechos da entrevista com Araújo.
 

Folha - O rio é o seu "primeiro-ator"?
Antônio Araújo -
Às vezes é prima-dona, às vezes é protagonista, em outras faz papel de vilão. Algumas vezes rouba a cena, enquanto em outras serve de escada, literalmente. Como pô-lo no foco, dar-lhe voz e réplica, sem maquiá-lo? Só espero não ter cometido um erro de casting...

Folha - É um espetáculo que não se filia ao que o grupo chamou de trilogia bíblica ou está mais para a tetralogia? Em que medida o sagrado é revisitado?
Araújo -
Ironicamente, cumprimos a sina do personagem Jonas [da peça e da Bíblia]: quisemos fugir da temática religiosa, sagrada, mas fomos engolidos novamente por essa "baleia"... Em uma certa medida, o "BR3" completa uma "tetralogia bíblica"; em outra, contudo, aponta para um novo porto, uma outra margem, um outro mergulho -ou será naufrágio? Ainda estamos em processo de criação. É difícil afirmar algo em bases tão movediças.

Folha - Antes do projeto, como era sua relação com o rio?
Araújo -
Era uma não-relação com um não-rio.


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