São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001

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ROCK IN RIO

Sepultura faz retorno triunfal esta noite

MARCELO VALLETTA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Depois de uma longa espera, o Sepultura, a banda de rock nacional que mais conseguiu destaque no exterior, finalmente volta a se apresentar em seu país de origem.
Longe dos palcos locais desde outubro de 99, quando tocou em São Paulo, o quarteto, que surgiu no início dos anos 80 em Belo Horizonte, influenciado por bandas de heavy metal como Black Sabbath e Venom, faz um retorno triunfal hoje, na terceira edição do Rock in Rio, tocando para uma multidão de fiéis metaleiros.
"Antes desse nosso último show no Brasil, havíamos tocado apenas com o Metallica", conta à Folha o guitarrista Andreas Kisser, que assumiu o papel de principal letrista do grupo após a saída de Max Cavalera, no início de 1997.
O guitarrista explica porque é tão difícil para a banda tocar no Brasil. "O principal problema é a falta de tempo. Não dá para ficar por aqui enquanto tem um grande mercado nos EUA, na Ásia e na Europa esperando pela gente."
O show de hoje, para uma platéia de mais de 100 mil pessoas, é a grande chance de a banda promover o próximo disco, "Nation" -o nono álbum de estúdio, com lançamento previsto para março. "O show vai ter uma ótima cobertura da mídia, então isso pode nos ajudar a botar em prática o nosso plano de tocar mais por aqui."
Segundo ele, o Sepultura deve começar a turnê americana de "Nation" ainda em fevereiro. A vinda da turnê para o Brasil está prevista para o segundo semestre, após a participação do grupo em festivais do verão europeu.
"Desta vez, queremos fazer mais shows fora de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Pretendemos tocar mais no Sul e no Nordeste", afirma. Portanto, o show de hoje será a única oportunidade de ver o quarteto em ação por aqui nos próximos meses.
Andreas conta que o show de hoje, que terá pouco mais de uma hora de duração, trará as duas músicas novas -"Sepulnation" e "Saga"- que a banda apresentou pela primeira vez durante a turnê Tatoo the Earth, que aconteceu no ano passado nos Estados Unidos.
Além das novidades, a banda toca os grandes sucessos. "Vamos tocar "Dead Embryonic Cells", "Arise", "Territory", "Roots, Bloody Roots"..." Andreas ainda revela que, desta vez, a banda não deverá apresentar covers. "Vamos tocar só material nosso."
Entre as surpresas do espetáculo, está a participação especial de Fernando Schaefer, o Fernandão, baterista que atualmente toca com o Pavilhão 9, que também se apresenta hoje no megafestival. Antes, o guitarrista e o baterista Igor Cavalera retribuirão a gentileza com uma participação no show do Pavilhão 9.
O guitarrista assistiu alguns shows do festival pela TV: "Fiquei impressionado com o show energético do REM. Foo Fighters foi legal. Guns N" Roses foi ridículo, não engulo aquele vocalista. Cássia Eller teve uma energia legal, e o Ira! e o Ultraje foram bons. No geral, o resultado foi positivo."
A respeito da vaia que legou Carlinhos Brown -"Nada me atinge!", gritava ele, enquanto uma chuva de garrafas de plástico caía sobre o músico baiano- Andreas diz que a culpa não foi do público nem do artista. "Deviam ter colocado ele no dia da Daniela Mercury ou na Tenda Brasil."
Sobre as bandas nacionais que abandonaram o festival -O Rappa, Skank, Jota Quest, Cidade Negra, Charlie Brown Jr. e Raimundos- Andreas diz que elas fazem falta. "São bandas que estão no auge, que têm boas vendagens."
Sobre o disco novo, que já está pronto, Andreas revela que ele terá 15 músicas inéditas. A edição brasileira poderá vir com alguns bônus: as versões de "Bela Lugosi Is Dead", do Bauhaus, "Rise Above", do Black Flag, e "Annihilation", do Crucifix.





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