São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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ARTES PLÁSTICAS

Com a inauguração da galeria Favo, são sete os espaços da rua de SP voltados à produção e comércio de arte

Fradique Coutinho vira "bulevar das galerias"

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se São Paulo tem há tempos, na região central, uma rua das noivas e outra especializada em luminárias, começa a chamar atenção, na zona oeste, o que se poderia chamar de um "bulevar das galerias". Com a inauguração da galeria Favo, em dezembro, já são sete, ao todo, os espaços da Fradique Coutinho voltados para produção e comércio de arte, nas poucas quadras em que a rua atravessa o bairro da Vila Madalena.
"Realmente a rua concentrou esse tipo de atividade, caracterizou-se como pólo", diz Ricardo Ramalho, artista plástico, curador e dono da galeria Favo. Instalado num antigo sobrado da década de 40, o novo espaço de quatro salas e jardim pretende investir em novas frentes artísticas. O acervo já inclui videoarte, painéis de temática urbana e HQs desenhadas por Lourenço Mutarelli.
"Depois de trabalhar numa galeria no Porto [Portugal], fiquei com vontade de me envolver com mercado de arte, com as entranhas desse sistema. Uma das nossas idéias é oferecer artistas mais acessíveis aos colecionadores -apostar em grandes nomes, mas não ficar restrito a isso", explica Ramalho.
A primeira coletiva no espaço vai até fevereiro e inclui obras de Eduardo Verderame, Gustavo Godoy, Juliana Russo, Tulio Tavares, entre outros. O jardim deve ganhar uma reforma e, no futuro, promover performances. "Em Portugal, as galerias servem para vender arte e só. Em São Paulo, elas se integram à vida cultural da cidade", compara.

Diversidade
De espaços especializados, como a Gravura Brasileira, a estúdios com ares vanguardistas, como a Casa da Xiclet, a Fradique reuniu um time de galeristas que inclui nomes consagrados, como André Millan. Instalada na Fradique Coutinho desde setembro de 2004, a Millan Antonio (sociedade de André com Florence Antonio) ocupa um espaço de 370 m2 e representa artistas como Tunga, Mira Schendel, Amilcar de Castro, Tiago Rocha Pitta e Lenora de Barros, entre outros.
Também no time das consagradas, a galeria Fortes Vilaça -cuja origem foi a Camargo Vilaça, criada pelo marchand Marcantonio Vilaça (1962-2000)- inaugura hoje a exposição "Hollywood Boulevard", uma coletiva em torno do fascínio mítico do cinema sobre a cultura contemporânea.
"Temos um diálogo bom com os ateliês e as galerias próximas", diz Eduardo Besen, diretor da Gravura Brasileira, cujo acervo inclui mais de 3.000 obras. "Alguns artistas trabalham no Ateliê Piratininga, dão cursos no Espaço Coringa e depois expõem aqui."
A galeria ficava na Gabriel Monteiro da Silva e mudou-se para a Fradique em 2003. "Aqui, além de termos um espaço maior, temos um contato mais direto com a rua e uma vizinhança mais interessada em arte", diz Besen.
Os ateliês - Piratininga e Espaço Coringa- aos quais ele se refere ficam a menos de uma quadra de distância, também entre a Aspicuelta e a Inácio Pereira da Rocha. Ambos apostam na utilização coletiva de seus equipamentos -prensa, laboratório fotográfico, ilha de edição etc- e na oferta de cursos ministrados pelos próprios artistas.
"Aqui podemos dar aulas ao mesmo tempo que mostramos o processo de trabalho", explica Ernesto Bonato, coordenador do Ateliê Piratininga, que, além de cursos e oficinas, promove também pequenas exposições.
Resultado da união de oito artistas -a maior parte deles se conheceu na faculdade há quase dez anos-, o Espaço Coringa busca integrar a execução, a reflexão e o ensino das artes plásticas na gestão coletiva do espaço. Além do projeto com artistas-residentes, o grupo monta um acervo com os trabalhos produzidos.


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