São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Fortes Vilaça expõe mítica de Hollywood

DA REPORTAGEM LOCAL

Ingrid Bergman revisitada por Andy Warhol. Bette Davis concebida em diamantes pelo artista brasileiro Vik Muniz. A mítica do cinema norte-americano e de todo o universo simbólico dele derivado é o fio condutor para "Hollywood Boulevard", exposição coletiva que tem inauguração hoje à noite na galeria Fortes Vilaça.
A curadoria da mostra é do português Alexandre Melo. Ele privilegiou obras que remetem ao fascínio e à sedução exercidos pelo desfile de imagens e pelo conceito de "star", típicos da produção cinematográfica hollywoodiana a partir dos anos 30 e 40.
"Considero esse culto em torno da "star" um elemento fundamental para a compreensão da cultura contemporânea", diz o curador, que também levou em conta os perigos representados pelo glamour. "Ao lado do glamour existe uma ameaça permanente. A fama traz consigo a possibilidade permanente de decadência."
Melo explica como escolheu o time de 11 artistas (também eles, de algum modo, "stars"): "Procurei utilizar-me de dois critérios. Por um lado, escolher os artistas consagrados e históricos que primeiro trataram da questão, como Warhol; por outro, fazer uma seleção de artistas contemporâneos com a maior abrangência geográfica possível. Queria obras que não apenas falassem de cinema, mas que abordassem a cinefilia." Nessa linha, a galeria vai mostrar obras de Cindy Sherman, Ed Ruscha, Julião Sarmento e Richard Prince, entre outros.

Visões
O italiano Francesco Vezolli em seu "O Retrato de Julia de Souza Matos" (2004), por exemplo, estampou a atriz Sônia Braga dentro de uma estrela, numa clara remissão à calçada da fama. De seu nariz, porém, escorre sangue.
A questão da identificação entre os espectadores e seus ídolos aparece em "Blind Stars", série de Douglas Gordon feita especialmente para a exposição. Retratos de astros da história do cinema tiveram seus olhos perfurados e substituídos por espelhos.
Não faltam menções aos cruzamentos de Los Angeles, à proximidade entre cinema e erotismo, à estética "noir". Richard Prince discute a questão dos estereótipos norte-americanos por meio de imagens promocionais de filmes e seriados devidamente autografadas. Puro fetiche.
O fim da exposição é o fim do filme, ou será o contrário? Ao terminar o percurso, um trabalho estampa uma tela de cinema, que, por sua vez, traz a emblemática palavra "End".


Hollywood Boulevard
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h. Até 11/3
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, Vila Madalena, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 3097-0384)
Quanto: entrada franca



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