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São Paulo Fashion Week
Reinaldo Lourenço conquista o Oeste com suas "cowgirls"
Estilista faz desfile inspirado no mundo country; Huis Clos traz claros-escuros da fotógrafa Sarah Moon às passarelas
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Velho Oeste é um mundo
violento, árido, sujo. Um lugar
muito diferente daquele em
que costuma transitar o imaginário de Reinaldo Lourenço,
um dos estilistas mais sofisticados do país. No entanto, foi lá
mesmo, nas terras do faroeste,
que Reinaldo buscou o tema de
sua impressionante coleção para o inverno-2008.
"Eu adoro o universo
country, sou de Presidente
Prudente, interior de São Paulo, e também assisti a muitos faroestes quando criança", disse
Reinaldo depois do desfile, que
abriu o terceiro dia da São Paulo Fashion Week.
O que ele trouxe da sua viagem foram aquelas mulheres
audazes e aventureiras que o cinema imortalizou. Garotas
que, para enfrentar a vida dura
do Oeste, adotavam a força e os
trajes masculinos -ou optavam pela vida nos "saloons".
A coleção, uma das melhores
do estilista nos últimos tempos,
reviu num formato elegante e
vigoroso elementos da vestimenta country.
As "cowgirls" finas do estilista começam a entrar na passarela com ares masculinos,
usando casacos longos estilo
bandoleiro, como se contracenassem com Clint Eastwood
em "Os Imperdoáveis", que
Reinaldo reviu recentemente.
As calças e a bermuda estilo
saia-calça têm construção inspirada nas chaparreiras dos
caubóis -peças de couro e camurça presas à cintura e usadas
sobre o jeans como proteção
extra. Na boa seleção das cores,
o preto rivalizou com o areia
-tudo pontuado por vermelhos passionais.
À noite, as garotas encarnam
dançarinas de cancã, com vestidos de franjas costuradas em
bandós ou formando simpáticos saiotes com volume e brilho. Nos pés, as botas de caubói
tradicionais ganham saltos e
desenhos de paisagens típicas
do western, imagens que também apareceram na ótima linha de camisas.
Luz e sombra
Os grafismos, que já apareceram em versão pop na Osklen e
na visão conceitual de Alexandre Herchcovitch, ganharam
versão intimista na passarela
da grife paulistana Huis Clos. A
coleção foi inspirada no trabalho da fotógrafa e ex-modelo
Sarah Moon, que foi top dos
anos 60.
O desfile da Huis Clos, sempre um dos mais aguardados,
foi a estréia de Sara Kawasaki,
braço direito da estilista Clô
Orozco, na direção criativa da
grife. E ela não decepcionou.
Dos trabalhos de Moon, a
Huis Clos explorou muito bem
os dramáticos contrastes de
iluminação e sombreados, numa cartela sóbria, em que o cinza e o preto se destacaram.
Tons de amarelo e roxo apareceram aos poucos, ajudando a
compor patchworks de estampas "concretistas", em várias
texturas.
Além de manter o cuidadoso
trabalho de modelagem, um
dos pontos fortes da Huis Clos,
com pregas estratégicas, laçarotes charmosos e detalhes arquitetônicos, Sara não se esqueceu do perfil intelectual e
forte que está impresso no estilo da grife.
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