São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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São Paulo Fashion Week

Reinaldo Lourenço conquista o Oeste com suas "cowgirls"

Estilista faz desfile inspirado no mundo country; Huis Clos traz claros-escuros da fotógrafa Sarah Moon às passarelas

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Velho Oeste é um mundo violento, árido, sujo. Um lugar muito diferente daquele em que costuma transitar o imaginário de Reinaldo Lourenço, um dos estilistas mais sofisticados do país. No entanto, foi lá mesmo, nas terras do faroeste, que Reinaldo buscou o tema de sua impressionante coleção para o inverno-2008.
"Eu adoro o universo country, sou de Presidente Prudente, interior de São Paulo, e também assisti a muitos faroestes quando criança", disse Reinaldo depois do desfile, que abriu o terceiro dia da São Paulo Fashion Week.
O que ele trouxe da sua viagem foram aquelas mulheres audazes e aventureiras que o cinema imortalizou. Garotas que, para enfrentar a vida dura do Oeste, adotavam a força e os trajes masculinos -ou optavam pela vida nos "saloons".
A coleção, uma das melhores do estilista nos últimos tempos, reviu num formato elegante e vigoroso elementos da vestimenta country.
As "cowgirls" finas do estilista começam a entrar na passarela com ares masculinos, usando casacos longos estilo bandoleiro, como se contracenassem com Clint Eastwood em "Os Imperdoáveis", que Reinaldo reviu recentemente.
As calças e a bermuda estilo saia-calça têm construção inspirada nas chaparreiras dos caubóis -peças de couro e camurça presas à cintura e usadas sobre o jeans como proteção extra. Na boa seleção das cores, o preto rivalizou com o areia -tudo pontuado por vermelhos passionais.
À noite, as garotas encarnam dançarinas de cancã, com vestidos de franjas costuradas em bandós ou formando simpáticos saiotes com volume e brilho. Nos pés, as botas de caubói tradicionais ganham saltos e desenhos de paisagens típicas do western, imagens que também apareceram na ótima linha de camisas.

Luz e sombra
Os grafismos, que já apareceram em versão pop na Osklen e na visão conceitual de Alexandre Herchcovitch, ganharam versão intimista na passarela da grife paulistana Huis Clos. A coleção foi inspirada no trabalho da fotógrafa e ex-modelo Sarah Moon, que foi top dos anos 60.
O desfile da Huis Clos, sempre um dos mais aguardados, foi a estréia de Sara Kawasaki, braço direito da estilista Clô Orozco, na direção criativa da grife. E ela não decepcionou.
Dos trabalhos de Moon, a Huis Clos explorou muito bem os dramáticos contrastes de iluminação e sombreados, numa cartela sóbria, em que o cinza e o preto se destacaram. Tons de amarelo e roxo apareceram aos poucos, ajudando a compor patchworks de estampas "concretistas", em várias texturas.
Além de manter o cuidadoso trabalho de modelagem, um dos pontos fortes da Huis Clos, com pregas estratégicas, laçarotes charmosos e detalhes arquitetônicos, Sara não se esqueceu do perfil intelectual e forte que está impresso no estilo da grife.


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