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Alexandre Herchcovitch se associa à Ellus para "democratizar" segunda linha
CAMILA YAHN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O estilista Alexandre Herchcovitch está decidido a democratizar suas criações, até agora
consumidas por uma elite de
pessoas mais ligadas em moda e
com bom poder aquisitivo.
A empresa AH Confecções,
da qual ele é sócio, firmou contrato de licenciamento com a
Ellus do Brasil, que vai produzir e vender as roupas da marca
A. Herchcovitch, segunda linha
do estilista. No último ano, ele
vendeu 70% da AH Confecções
para o grupo Inbrands, que é
também dono de 50% da Ellus.
"Não tenho vergonha de dizer que quero que minha marca
chegue a todos. Ganhar dinheiro honestamente não é pecado,
mas no Brasil as pessoas têm
vergonha de dizer isso", afirma.
A marca A. Herchcovitch
substitui uma segunda linha
anterior do estilista -a Herchovitch Jeans- e buscará
criar roupas mais acessíveis do
que as da coleção principal.
"Ela nasceu com o espírito mais
livre e para ser uma marca comercial, mas carrega o meu
DNA. As inspirações que apareceram no prêt-à-porter, nela
surgem mais diluídas", define.
A Ellus entrará com a expertise de produção, distribuição e
venda dos cerca de 200 itens da
marca, inclusive o jeanswear. A
mesma linha foi licenciada para
a HP France -empresa japonesa que tem a franquia das marcas do designer no Japão. Todas as roupas da A. Herchcovitch que forem vendidas no
Japão serão produzidas naquele país pelo franqueado.
Para Herchcovitch, o licenciamento é a solução para popularizar seu trabalho sem que
ele perca em conceito de moda.
""Quantas lojas multimarcas
podem vender o meu prêt-à-porter, ou o do Reinaldo Lourenço? São roupas caras, por isso temos que crescer com as
marcas secundárias", diz.
Herchcovitch desfila hoje a
sua coleção do prêt-à-porter feminino, e na sexta, último dia
da SPFW, a do masculino.
A primeira coleção é inspirada principalmente em Berlim,
no punk e no ""cabaré dadaísta".
"Peguei, como ponto de partida, uma cidade como São Paulo
ou Berlim, que tem uma desordenação estética e de crescimento, para fazer uma coleção
fragmentada e com muitas misturas de silhuetas", conta.
A linha masculina foi baseada em uniformes de marinheiros. "Este é o mais calmo entre
meus últimos desfiles. É calcado na alfaiataria, e tento mostrar a saudade que a distância
de trabalhar no mar cria."
O estilista diz que os desfiles
estão banalizados, mas ele ainda não encontrou melhor maneira de mostrar as roupas.
"Fazer desfile é fácil. Qualquer
um faz. Difícil é criar uma coleção com começo, meio e fim e
que seja real. Tudo o que mostro no desfile, você acha no showroom, ao contrário de muitas
marcas que fazem "roupas de
desfile", de efeito, que nunca
chegam às lojas", provoca.
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