São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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Alexandre Herchcovitch se associa à Ellus para "democratizar" segunda linha

CAMILA YAHN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O estilista Alexandre Herchcovitch está decidido a democratizar suas criações, até agora consumidas por uma elite de pessoas mais ligadas em moda e com bom poder aquisitivo.
A empresa AH Confecções, da qual ele é sócio, firmou contrato de licenciamento com a Ellus do Brasil, que vai produzir e vender as roupas da marca A. Herchcovitch, segunda linha do estilista. No último ano, ele vendeu 70% da AH Confecções para o grupo Inbrands, que é também dono de 50% da Ellus.
"Não tenho vergonha de dizer que quero que minha marca chegue a todos. Ganhar dinheiro honestamente não é pecado, mas no Brasil as pessoas têm vergonha de dizer isso", afirma.
A marca A. Herchcovitch substitui uma segunda linha anterior do estilista -a Herchovitch Jeans- e buscará criar roupas mais acessíveis do que as da coleção principal. "Ela nasceu com o espírito mais livre e para ser uma marca comercial, mas carrega o meu DNA. As inspirações que apareceram no prêt-à-porter, nela surgem mais diluídas", define.
A Ellus entrará com a expertise de produção, distribuição e venda dos cerca de 200 itens da marca, inclusive o jeanswear. A mesma linha foi licenciada para a HP France -empresa japonesa que tem a franquia das marcas do designer no Japão. Todas as roupas da A. Herchcovitch que forem vendidas no Japão serão produzidas naquele país pelo franqueado.
Para Herchcovitch, o licenciamento é a solução para popularizar seu trabalho sem que ele perca em conceito de moda. ""Quantas lojas multimarcas podem vender o meu prêt-à-porter, ou o do Reinaldo Lourenço? São roupas caras, por isso temos que crescer com as marcas secundárias", diz.
Herchcovitch desfila hoje a sua coleção do prêt-à-porter feminino, e na sexta, último dia da SPFW, a do masculino.
A primeira coleção é inspirada principalmente em Berlim, no punk e no ""cabaré dadaísta". "Peguei, como ponto de partida, uma cidade como São Paulo ou Berlim, que tem uma desordenação estética e de crescimento, para fazer uma coleção fragmentada e com muitas misturas de silhuetas", conta.
A linha masculina foi baseada em uniformes de marinheiros. "Este é o mais calmo entre meus últimos desfiles. É calcado na alfaiataria, e tento mostrar a saudade que a distância de trabalhar no mar cria."
O estilista diz que os desfiles estão banalizados, mas ele ainda não encontrou melhor maneira de mostrar as roupas. "Fazer desfile é fácil. Qualquer um faz. Difícil é criar uma coleção com começo, meio e fim e que seja real. Tudo o que mostro no desfile, você acha no showroom, ao contrário de muitas marcas que fazem "roupas de desfile", de efeito, que nunca chegam às lojas", provoca.


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