São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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26ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Osklen cria "novo homem" com série de moletons

Coleção da grife carioca é destaque no primeiro dia da São Paulo Fashion Week

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se alguém ainda tinha dúvidas de que o mercado fashion entrou para o time de frente da economia brasileira, agora ficará difícil negar.
Depois do animado discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez em defesa da indústria calçadista, semana passada, na feira CouroModa, ontem foi a vez de o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, defender a indústria de moda, na abertura da temporada outono-inverno 2009 da São Paulo Fashion Week.
"A indústria da moda gera empregos e levanta a autoestima do país. Queremos consolidar São Paulo como a capital brasileira da moda e também da América Latina", discursou Kassab, ao lado do diretor criativo da SPFW, Paulo Borges.
Foi a primeira vez que uma autoridade política subiu à passarela na semana de moda paulista. Foi também a primeira SPFW realizada depois da associação do evento com o grupo de gestão de marcas Inbrands, criado por ex-sócios do Banco Pactual e pela Ellus.
A Orquestra Sinfônica de Heliópolis, formada na favela do mesmo nome, abriu a temporada, executando um trecho da ópera "O Guarani", de Carlos Gomes -utilizado como vinheta do programa federal de rádio "A Voz do Brasil". E assim um tom oficialista e nacionalista dominou a abertura do evento, que tem como tema nesta edição os "brasilianismos" e a felicidade brasileira.
O ufanismo e o palavrório, porém, logo se desmancharam na mente dos fashionistas, com o desfile da grife FH, do estilista Fause Haten, marcada por inspirações árabes e indianas.

Além de Ipanema
Na sequência, o estilista Oskar Metsavaht mostrou mais uma vez que ele e a equipe criativa da Osklen continuam no topo da onda -e que esta bate muito além das areias da supervalorizada praia de Ipanema. Ousadamente, a coleção de Oskar Metsavaht fala do surgimento de um "novo homem". Mas como interpretar essa história complicada numa passarela?
A Osklen escolheu um caminho inteligente: descomplicou geral. Retornou aos básicos. Mas que básicos? O terninho, a calça preta e a camisa branca? Não. Foi buscar a resposta no moletom e na malharia, fundamentos da indústria têxtil no país e do streetwear brasileiro.
Moletom fino, é verdade, misturado com tecidos tecnológicos e tricôs aconchegantes (feitos com tiras de moletom). Formas amplas, confortáveis e muito inventivas -tudo em cinza-mescla (a cor clássica desse tecido) e preto.
A coleção demonstra que o design de moda não depende apenas de tecidos caríssimos e afetações de luxo -ainda mais nesta época, quando os consumidores esperam preços menos estratosféricos nas lojas.



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