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Recbeat escala 33 atrações em Recife
ISRAEL DO VALE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Recbeat não cabe em si. O festival de rock encravado no Carnaval recifense cresceu tanto que a
partir deste ano muda de mala e
cuia para um espaço maior, o cais
da Alfândega, às margens do rio
Capibaribe.
A nona edição do evento começa neste sábado, com 33 atrações
musicais (24 no palco principal).
É, como de praxe, uma amostra
atenta dos "indies & pendentes"
da cena nacional desta vez com
um braço esticado para o Mercosul (Abuela Coca, do Uruguai) e
outro para além-mar (Bernie's
Lounge, da Holanda, Kenny
Brown, dos EUA, e o DJ Dan Nantis, da França, que se apresenta na
tenda-passarela eletrônica, um
corredor de desfiles de moda nos
intervalos dos shows).
A miscelânea impera na programação. A fonte "roots" dá base e
horizonte para a maior parte das
atrações. A começar pelo trabalho
notável do DJ Dolores agora
emoldurado pela Aparelhagem,
sua (parcialmente) nova banda.
Quem dá o acorde inicial para a
folia (inclusive) roqueira é o grupo pernambucano de afoxé Alafin
Oyó, às 19h30 de sábado. Até a
Terça-Feira Gorda, seis atrações
revezam-se no palco a cada noite.
Há desde nomes conhecidos da
cena mangue beat (Eddie, Devotos, Nação Zumbi) aos seus herdeiros (a Refinaria, novo projeto
de Silvério Pessoa, ou o Zambo,
grupo de matriz cênica) e bastiões
da tradição (Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Maciel Salú).
A mesma tradição vai ao palco, com maracatus como Nação Porto Rico e Estrela Brilhante. Segundo Gutie, o criador do festival, a idéia é justamente "colocar sob as
luzes coisas que as pessoas estão vendo à sua volta, mas que ao ver
no palco ganham outra dimensão, outra perspectiva."
Mas nem tudo é tambor na cena local: há o jazz de acento caribenho do grupo A Roda ou "eletrorock psicodélico retro-futurista" dos Astronautas.
A escalação interestadual é bastante diversa. Vai do rap de Nega
Gizza (RJ) ao encontro entre Bojo e Maria Alcina (SP/MG); do rock-de-batuque de Lan Lan e os Elaines (RJ) ao performático Rogério Skylab (RJ) ou o skacore do Narguilé Hidromecânico (PI).
"Maestro" Naná
O pontapé inicial do Carnaval
2004 pernambucano, às 19h de
amanhã, rompe com uma tradição. Em vez do frevo, quem ganha
o primeiro plano é o maracatu. E
em grande estilo.
Do alto de seus quase 60 anos
(que se completam em agosto), o
percussionista cinco estrelas Naná Vasconcelos "rege" o encontro
de 11 nações de maracatu e os 86
integrantes da Banda Sinfônica
do Recife (dirigida por Nenéu Liberalquino), reforçado por cem
batuqueiros mirins, no Marco Zero, centro histórico da cidade. O
repertório inclui do "Trenzinho
Caipira", de Villa-Lobos, à
"Praieira", de Chico Science.
Sim, a terra vai tremer, mas com
candura. A reunião tem contornos de confraternização. "As nações são rivais entre si", conta Naná. "Visitei cada uma das sedes,
conversei com todos os líderes espirituais e eles foram muito generosos", diz. "É a primeira vez que
o Carnaval vai ser aberto com a
musicalidade afro-pernambucana", conta o "maestro". "Vamos
fazer 400 tambores soarem como um."
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