São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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Mônica Bergamo

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João Sal/Folha Imagem
Quincy Jones descansa, após ser homenageado em almoço oferecido por Flora e Gilberto Gil


Um almoço, um casamento e um Carnaval

Homenageado do almoço pré-carnavalesco na casa de Gilberto Gil, em um condomínio fechado de Salvador, na sexta-feira, Quincy Jones chega e vai direto à mesa das caipirinhas. "Two (Duas)", pede, antes de se acomodar em um banco de madeira que logo funcionará como altar para seu beija-mão. Todos querem entregar um disco demo para o produtor de astros como Michael Jackson e Ray Charles. "This is for you (Isto é pra você)", diz Lulu Santos, entregando a Jones um CD com cinco de suas músicas. "You are just so good (Você é bom demais)", completa Lulu, de calça branca e cinto rosa combinando com as tiras da sandália.

 

Ivete Sangalo se aproxima do "altar". "Este é meu namorado. E este é Jesus, meu irmão, meu empresário e meu personal trainer." Ela posa para fotos com Quincy, que apanha mais uma caipirinha, bebida que considera "fantástica". O que acha de Ivete? "Não conheço. Mas é muito bonita", diz.
 

O cantor Antonio Villeroy chega em seguida: "Eu sei que você só tem olhos para as mulheres, mas eu lhe trouxe meu DVD". Quincy também tem um disco de Daniela Mercury nas mãos.  

FOLHA - Você fica incomodado?
QUINCY JONES
- Isso acontece no mundo inteiro. Todo mundo quer mostrar sua música. E é fácil, porque eu adoro música brasileira. Ontem fui à favela de Vigário Geral ver o AfroReggae e fiquei impressionado.

FOLHA - Teve algum temor?
JONES
- Mas eu nasci na favela! Só que em Chicago. Mas é a mesma coisa. E eu já tinha ido lá com Vinicius de Moraes em 1965. Vinicius adorava a favela.

FOLHA - Como vê a transformação física de Michael Jackson?
JONES
- Mas eu posso achar o quê? O problema é dele, não meu. E continuo amigo do Michael. Vender o tanto que ele vendeu é algo que nunca mais vai acontecer. Eram ele e a MTV crescendo juntos, um momento muito especial.

 

Gil explica para Lulu Santos como cuida dos cabelos, que não corta há cinco anos. "Eu mesmo enrolo, ou uma pessoa enrola para mim." Gil usava cera de abelha para fazer o penteado, mas um amigo em Montreux indicou a ele óleo de azeitona.
 

Caetano Veloso chega. É a única vez que Quincy se levanta para cumprimentar alguém, com um beijo.
 

O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, pede para ser apresentado à cantora Ivete Sangalo.
 

Ivete ouve perguntas sobre as cordas que "protegem" os blocos de foliões-turistas, empurrando os que não têm dinheiro, os "sem-abadá", para longe dos trios. "Eu não tenho conteúdo para discutir esse assunto. Aqui na Bahia sempre foi assim. Em suma: é cada um com seu cada um e cada qual com seu cada qual."
 

Quincy levanta do banco de madeira. Caminha em direção à piscina. Para cá, para lá. Lulu Santos observa. Quincy senta numa daquelas camas de piscina, toda de ferro, sem almofadas. Deita. E dorme.
 

Regina Casé se aproxima. "Esse cara é o meu ídolo. Não posso deixar ele dormir assim!." Coloca uma almofada sob a cabeça do produtor. Outra sob o braço direito. Liga para o pai, o diretor Geraldo Casé. "Pai, coloquei uma almofadinha na cabeça do Quincy." E Geraldo: "Você é um anjo".
 

Caetano passa em sua casa, no Rio Vermelho, e carrega os hóspedes, Zezé di Camargo e Zilú, junto com a ex-mulher, Paula Lavigne, para ver a saída do Olodum no Pelourinho. Zezé fica deslumbrado com a banda, com o lugar.
 

A chegada de Caetano causa furor. Mas surpresa mesmo é Zezé estar ali. Na saída, ele é agarrado pelas mulheres. Zilú sai correndo e gritando. "Alguém acode ele aí!." No carro, os dois lembram episódios com fãs. "Eu e Dedé [ex-mulher do cantor] íamos casar em segredo", lembra Caetano. "Mas a notícia vazou. Aí, no dia, centenas de meninas invadiram a igreja cantando "Alegria, Alegria". Rasgaram a roupa da Cynira Arruda, que era moderna, de papel. Uma mulher com tesoura queria cortar o meu cabelo. Um rapaz da banda que tocava no casamento tinha cabelos compridos e as meninas gritavam: "Jesus Cristo! Jesus Cristo!"." Dona Canô, mãe de Caetano, desmaiou. "Parecia um filme do Fritz Lang. Metia medo", diz ele. Já no hotel, Dedé recebe um telefonema da mãe: "Filha, você não pode consumar o casamento. O padre diz que não valeu!".
 

Mais tarde, no camarote Expresso 2222, de Flora Gil, a cena se repete: uma multidão de garotas se joga em cima de Reynaldo Gianecchini. Junior, irmão de Sandy, observa. Preta Gil manda evacuar o ambiente - paparazzi, fora!
 

Sem medo de ser feliz, Marcelo Valente, ex de Ivete Sangalo, ex de Daniella Cicarelli, agarra a atriz Cléo Pires. Beija o pescoço dela. Os dois ficam abraçados. Ele tenta um beijo na boca. Ela vira de lado. "É Carnaval, ninguém "tá" namorando ninguém", diz Cléo. Nas ruas, os trios elétricos passam, arrastando a multidão. No camarote Expresso 2222, a turma dança ao som do DJ Marlboro até as cinco horas da manhã.


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